Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Raúl Bañuelos - [Qual diferença humana?]

O poeta mexicano retoma o problema básico que dá ensejo à pobreza – a desigualdade de oportunidades no ponto de partida –, para com isso desmascarar a naturalização que fundamenta os argumentos de sua existência, por quem, obviamente, encontra-se na outra ponta – a dos abastados.

E o pior é que a desigualdade de renda arrasta consigo, com alguma dose de correlação, a violência urbana, gerando insegurança para todos, uma vez que tal externalidade negativa se difunde tanto nas periferias das grandes cidades, quanto nas cercanias mais privilegiadas – pois em tal caso, os roubos e os latrocínios costumam trazer resultados mais vultosos aos perpetradores.

O que se tem a fazer é apostar na educação de qualidade, para se estabelecer um denominador comum, o maior que seja, capaz de qualificar o ser humano em direção à sua autossustentabilidade. Sobre isso, há quase um consenso. Contudo, em países como o Brasil, as forças em sentido contrário, reacionárias e seculares – na mídia, no judiciário e na política –, sorvem os recursos públicos em detrimento do interesse da maioria.

J.A.R. – H.C.

Raúl Bañuelos
(n. 1954)

[¿Qué diferencia humana?]

¿Qué diferencia humana profunda existe entre el hombre que
habita la residencia lujosa
y el que desvive en la casa construida con hojadelata y cartones
entre basureros y estiércol?
¿De qué está hecha la lengua del que come manjares hasta el
desprecio
para que los coma con toda con toda suficiencia
y de qué está hecha la lengua del que no ha comido nada
en todo el día
y deambula en busca de alguna cebolla o cualquier cosa entre
entre las sobras de los mercaderes?
¿Cuál es la diferencia?
¿Cuál es el sitio en que la línea humana marcó estaciones tan
disímbolas
para los mismos viajantes?
¿En dónde comenzó este desacomodo?

Óbolo para os pobres
(Michel-Martin Drolling: pintor francês)

[Qual diferença humana?]

Qual diferença humana profunda existe entre o homem que
habita a residência luxuosa
e o que desvive na casa construída com folha de flandres e
papelões, entre lixeiras e esterco?
De que é feita a língua do que come manjares até a
recusa
para que os coma com toda suficiência
e de que é feita a língua do que não comeu nada
em todo o dia
e perambula em busca de alguma cebola ou qualquer coisa
entre as sobras dos comerciantes?
Qual é o lugar onde a linha humana marcou estações tão
díspares
para os mesmos viajantes?
Onde começou este incômodo?

Referência:

BAÑUELOS, Raúl. [¿Qué diferencia humana?]. Fórnix: revista de creación y crítica, Lima (PE), n. 8-9, p. 101, jul./dec. 2008. Disponível neste endereço. Acesso em: 29 set. 2018.

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