O poeta mexicano retoma o problema básico que dá ensejo à pobreza – a
desigualdade de oportunidades no ponto de partida –, para com isso desmascarar
a naturalização que fundamenta os argumentos de sua existência, por quem,
obviamente, encontra-se na outra ponta – a dos abastados.
E o pior é que a desigualdade de renda arrasta consigo, com alguma dose
de correlação, a violência urbana, gerando insegurança para todos, uma vez que
tal externalidade negativa se difunde tanto nas periferias das grandes cidades,
quanto nas cercanias mais privilegiadas – pois em tal caso, os roubos e os
latrocínios costumam trazer resultados mais vultosos aos perpetradores.
O que se tem a fazer é apostar na educação de qualidade, para se
estabelecer um denominador comum, o maior que seja, capaz de qualificar o ser
humano em direção à sua autossustentabilidade. Sobre isso, há quase um consenso.
Contudo, em países como o Brasil, as forças em sentido contrário, reacionárias
e seculares – na mídia, no judiciário e na política –, sorvem os recursos
públicos em detrimento do interesse da maioria.
J.A.R. – H.C.
Raúl Bañuelos
(n. 1954)
[¿Qué diferencia
humana?]
¿Qué diferencia humana
profunda existe entre el hombre que
habita la residencia
lujosa
y el que desvive en
la casa construida con hojadelata y cartones
entre basureros y
estiércol?
¿De qué está hecha la lengua
del que come manjares hasta el
desprecio
para que los coma con
toda con toda suficiencia
y de qué está hecha
la lengua del que no ha comido nada
en todo el día
y deambula en busca
de alguna cebolla o cualquier cosa entre
entre las sobras de
los mercaderes?
¿Cuál es la
diferencia?
¿Cuál es el sitio en
que la línea humana marcó estaciones tan
disímbolas
para los mismos
viajantes?
¿En dónde comenzó este
desacomodo?
Óbolo para os pobres
(Michel-Martin
Drolling: pintor francês)
[Qual diferença humana?]
Qual diferença humana
profunda existe entre o homem que
habita a residência
luxuosa
e o que desvive na
casa construída com folha de flandres e
papelões, entre
lixeiras e esterco?
De que é feita a língua
do que come manjares até a
recusa
para que os coma com
toda suficiência
e de que é feita a
língua do que não comeu nada
em todo o dia
e perambula em busca
de alguma cebola ou qualquer coisa
entre as sobras dos
comerciantes?
Qual é o lugar onde a
linha humana marcou estações tão
díspares
para os mesmos
viajantes?
Onde começou este incômodo?
Referência:
BAÑUELOS, Raúl. [¿Qué diferencia
humana?]. Fórnix: revista de creación y
crítica, Lima (PE), n. 8-9, p. 101, jul./dec. 2008. Disponível neste endereço. Acesso em: 29 set.
2018.
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