Plutzik faleceu vitimado pelo câncer, com pouco
mais de cinquenta anos, e neste seu poema associa a doença que lhe devastava o
corpo com a explosão de uma supernova, evento astronômico evolutivo tardio, que
ocorre com algumas estrelas, caracterizado por uma radiante explosão.
Decerto o poema foi escrito ainda quando o poeta
se encontrava lúcido, pois, como se sabe, no estado avançado da doença, o corpo
entra em coma e chega-se ao estágio em que os despojos já não são capazes de
paliar o efeito explosivo e deletério da supernova que, ao fim, também haverá
de se extinguir.
J.A.R. – H.C.
Hyam Plutzik
(1911-1962)
Cancer and Nova
The star exploding in the body;
The creeping thing, growing in the brain or the
bone;
The hectic cannibal, the obscene mouth.
The mouths along the meridian sought him,
Soft as moths, many a moon and sun,
Until one
In a pale fleeing dream caught him.
Waking, he did not know himself undone,
Nor walking, smiling, reading that the news was
good,
The star exploding in his blood.
Fragmentos da Supernova
de Kepler
(Jim Ellis: artista
norte-americano)
Câncer e Supernova
A estrela a explodir no corpo;
A coisa progressiva, expandindo-se no cérebro ou
nos ossos;
O canibal frenético, a boca obscena.
As bocas ao longo do meridiano foram-lhe à
procura,
Suaves como mariposas, muitas como a lua e o
sol,
Até que uma delas
Num pálido sonho fugitivo o capturou.
Despertando, não sabia
que se havia desfeito,
Nem caminhando, nem sorrindo, nem apreendendo
quão boas eram as notícias,
A estrela a explodir em seu sangue.
Referência:
PLUTZIK, Hyam. Cancer and nova. In: PINSKY,
Robert; DIETZ, Maggie (Coords.). American’s favorite poems: the
favorite poem project anthology. New York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 219.
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