Não avaliaria nada distante deste Pindorama, se
o frei espanhol tivesse sido aprisionado pela autodenominada “justiça”
curitibana: exatamente a inveja e a mentira são os denominadores comuns das
sentenças que prolata, tudo porque espera “entregar” mais facilmente a
“injustiça” que de fato defende, enquanto se abarrota com auxílios-moradia ou
que tais.
É o “mundo malvado” a que se reporta De León:
joga no cárcere quem ousa evidenciar os descalabros dos que detêm o poder e
dele lançam mão para perpetuar as benesses trazidas pelo assalto ao erário, o
qual é provido, em última instância, pelo povo – que, no caso em exame, é
apenas um detalhe!
J.A.R. – H.C.
Frei Luis de León
(1527-1591)
Oda XXIII
A la salida de Ia cárcel
Aqui Ia envidia y mentira
me tuvieron encerrado.
Dichoso el humilde estado
del sabio que se retira
de aqueste mundo malvado,
y con pobre mesa y casa
en el campo deleitoso
con sólo Dios se compasa
y a solas su vida pasa
ni envidiado ni envidioso.
A libertação de São
Pedro
(Antonio de Bellis:
pintor italiano)
Ode XXIII
Na saída do cárcere
Aqui a inveja e a mentira
me tiveram encerrado.
Ditoso o humilde estado
do sábio que se retira
deste mundo tão malvado,
e com casa e mesa escassa
no campo tão deleitoso
só com Deus bem se congraça
e a sós sua vida não passa
invejado ou invejoso.
Referência:
LEÓN, Frei Luis de. Ode XXIII - A la saída de la
cárcel / Ode XXIII - Na saída do cárcere. Tradução de Fábio Aristimunho Vargas.
In: VARGAS, Fábio Aristimunho (Organização e tradução). Poesia espanhola: das
origens à guerra civil. São Paulo, SP: Hedra, 2009. Em espanhol e português: p.
53.
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