Quantas dissensões entre os homens por conta de
suas crenças religiosas, que chegaram – e ainda chegam – às vias de fato, com
comportamentos que denotam a mais completa falta de racionalidade e respeito
pelo próximo – em desacordo, por conseguinte, com a própria “regra de ouro” que
tanto se apregoa nas igrejas, sinagogas e mesquitas: “Não faças a ninguém o que
não queres que te façam”.
Goethe, percebendo esse pendor falacioso dos
fiéis, em especial das três principais religiões monoteístas – o judaísmo, o
cristianismo e o islamismo –, afirma que passa ao largo dos palácios da
Divindade, havendo “loucos” da espécie nomeada, a saber, que apregoam a morte
aos que se devotam a outras crenças diferentes da sua.
J.A.R. – H.C.
J. W. Goethe
(1749-1832)
Retrato de Georg M.
Kraus
“Juden und Heiden hinaus!”
“Juden und Heiden hinaus!” so duldet der
christliche Schwármer.
“Christ und Heide verflucht!” murmelt ein
jüdischer Bart.
“Mit den Christen an Spiess und mit den Juden
ins Feuer!”
Singet ein türkisches Kind Christen und Juden
zum Spott.
Welcher ist der KJügste? Entscheide! Aber sind
diese
Narren in deinem Palast, Gottheit, so geh ich
vorbei.
São Domingos de Guzmán e
os albigenses
(detalhe)
(Pedro Berruguete:
pintor espanhol)
“Fora Judeus e Pagãos!”
“Fora Judeus e Pagãos!” – clama a paciência
cristã.
“Maldito o Cristão e o Pagão!” – murmura um
barbudo Judeu.
“Os Cristãos ao espeto e os Judeus à fogueira!”
– Canta um Turquinho troçando Cristãos e Judeus.
Qual é o mais ’sperto? – Decide! Mas se loucos
destes
Há no teu palácio, Divindade, eu passo de largo.
Referência:
GOETHE, J. W. “Juden und heiden hinaus!” / “Fora
judeus e pagãos!”. Tradução de Paulo Quintela. In: __________. Poemas: antologia,
versão portuguesa, notas e comentários de Paulo Quintela. 4. ed. Coimbra, PT:
Centelha, 1986. Em alemão: p. 148; em português: p. 149. (Poesia / Autores
Universais – 1)
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