Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 5 de agosto de 2017

Victor Silva - O Farol

Um farol, em meio ao mar revolto, é o objeto de observação do poeta, que o transmuda em palavras, na forma de um soneto de versos alexandrinos dodecassílabos, com indisfarçáveis tendências parnasianas, a despertar os sentidos, em especial a audição e a visão.

Note, internauta, que ao se ler o poema, somos levados facilmente às imagens e aos sons associados ao que se descreve: à luz projetada pelo farol a se espargir em circunvoluções sobre as águas; ao barulho das ondas do mar e mesmo do vento que as açula; às naus que, em decorrência, balouçam sem cessar, expostas aos perigos dos arrecifes que por ali existem... Tudo muito descritivo, ou mais bem, sem subjetivismos.

J.A.R. – H.C.

Victor Silva
(1865-1922)

O Farol

Na amplidão do mar alto entre as vagas se apruma
O vulto do farol como uma sentinela;
Estardalhaça o vento, e a rugir se encapela
A água negra do mar em turbilhões de espuma.

Enche a trágica noite, atroa e se avoluma
Um insano clamor nas asas da procela:
É a morte! E ao temporal que as vagas atropela
Rodopiam as naus na escuridão da bruma.

Mas, súbito um clarão a espessa treva inflama,
Acende o mar bravio, ilumina os escolhos,
E guia o rumo às naus contra os parcéis da morte...

É a vida! É o farol que escancarando os olhos,
Vira e revira em torno as órbitas de chama,
Ora ao Norte, ora ao Sul, ora ao Sul, ora ao Norte...

Farol em Stora Bält
(Anton Melbye: pintor dinamarquês)

Referência:

SILVA, Victor. O farol. In: __________. Vitórias. Porto Alegre, RS: Barcelos, Bertaso & Cia.; Livraria do Globo, 1924. p. 64-65.

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