Ponha um pouco de imaginação em suas palavras e elas se converterão em
poesia para o mundo. E se suas ideias convergem para as coisas do espírito, mesmo
os mais comuns efeitos da natureza, como os do vento, podem se transformar em
aliados para um poema que faça sentido.
Neste que ora postamos, a paisagem capturada pelo poeta é notoriamente norte-americana, com referências ao ocotillo, uma espécie de planta do deserto, e à
carriça do saguaro, uma ave adaptada ao ambiente onde medram os cactos. O
título do poema, “Mansão”, sugere, por sua vez, que o deserto tornou-se a sua residência lato senso.
J.A.R. – H.C.
A. R. Ammons
(1926-2001)
Mansion
So it came time
for me to cede myself
and I chose
the wind
to be delivered to
The wind was glad
and said it needed all
the body
it could get
to show its motions
with
and wanted to know
willingly as I hoped
it would
if it could do
something in return
to show its gratitude
When the tree of my
bones
rises from the skin I
said
come and whirlwinding
stroll my dust
around the plain
so I can see
how the ocotillo does
and how saguaro-wren
is
and when you fall
with evening
fall with me here
where we can watch
the closing up of day
and think how morning
breaks
Carriça de cacto
(Deane Locke: pintora
norte-americana)
Mansão
Então chegou o
momento
de oferecer-me
e escolhi
ser entregue
ao vento
O vento se alegrou
e disse que
necessitava de todo
o corpo que fosse
capaz de obter
para com ele
expressar os seus movimentos
e quis saber
prontamente como eu
esperava que fosse
caso pudesse prover
algo em troca
para mostrar sua
gratidão
Quando a árvore de
meus ossos
romper a minha pele
disse-lhe eu
vem e redemoinhando
leva minha poeira a
passear
pela planície
assim posso ver
como floresce o ocotillo
e como é a carriça do saguaro
e quando te amainares
ao crepúsculo
desce até aqui comigo
onde podemos assistir
ao encerramento do
dia
e observar como rompe
a manhã
Referência:
AMMONS, A. R. Mansion. In: PINSKY,
Robert; DIETZ, Maggie (Eds.). American’s
favorite poems: the favorite poem project anthology. New York, NY: W. W.
Norton, 2000. p. 6-7.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário