Ginsberg descreve neste poema o período em que, dos 22 aos 27 anos,
viveu uma vida difícil em Manhattan, trabalhando muito e ganhando pouco, numa
rotina de escritório que não tinha nada de gratificante para o espírito humano.
Ao fim, desconsola-se com o fato de que a sua noite de descanso finda,
sendo acordado por um incógnito despertador, tendo então que se levantar para reingressar
em mais uma jornada diária infeliz, naquilo que define como sendo o próprio “Inferno”.
J.A.R. – H.C.
Allen Ginsberg
(1926-1997)
My Alba (*)
Now that I’ve wasted
five years in
Manhattan
life decaying
talent a blank
talking disconnected
patient and mental
sliderule and number
machine on a desk
autographed
triplicate
synopis and taxes
obedient prompt
poorly paid
stayed on the market
youth of my twenties
fainted in offices
wept on typewriters
deceived multitudes
in vast conspiracies
deodorant battleships
serious business
industry
every six weeks
whoever
drank my blood bank
innocent evil now
part of my system
five years unhappy
labor
22 to 27 working
not a dime in the
bank
to show for it anyway
dawn breaks it’s only
the sun
the East smokes O my
bedroom
I am damned to Hell
what
alarmclock is ringing
New York, 1953
(René Magritte:
artista belga)
Meu Amanhecer
Agora que desperdicei
cinco anos em
Manhattan
a vida colapsando
o talento em branco
desconexa a fala
paciente e mental
régua de cálculo e
número
máquina sobre uma
mesa
autografei triplicata
breviário e impostos
obediente presto
mal pago
mantive-me no mercado
na juventude de meus
vinte anos
desmaiava em
escritórios
chorava sobre
máquinas de escrever
enganava multidões
em vastas
conspirações
desodorante
couraçados
indústria negócio
sério
a cada seis semanas
quaisquer
bebia de meu banco de
sangue
inocente pecador
agora
parte do meu sistema
cinco anos de
trabalho infeliz
dos 22 aos 27 anos labutando
nem um centavo no
banco
para de todo modo
exibir
o amanhecer desponta
e não é mais do que o sol
o Leste fumega Oh meu
dormitório
estou condenado ao
Inferno qual
despertador
que está tocando
Nota:
(*) O título do poema de Ginsberg, ‘My
Alba’, combina, como se vê, duas palavras de idiomas distintos, pois ‘alba’
significa ‘alvorada’ ou ‘amanhecer’, em espanhol.
Referência:
GINSBERG, Allen. My Alba. In:
__________. Collected poems:
1947-1997. The Green Automobile (1953-1954). New York, NY: HarperCollins
Publishers, 2007. p. 97. (First Harper Perennial Modern Classics Edition
Published 2007)
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