Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 13 de agosto de 2017

Robert Penn Warren - Arizona à Meia-Noite

O poeta passa a noite em uma região desértica do Arizona e ouve os gemidos de um coiote. Apressa-se em se proteger dos ofídios, dormindo num bem protegido saco, deitado de costas, a contemplar o céu estrelado.

Tudo é escuridão, razão por que não consegue nem mesmo distinguir os contornos de um grande e belo cacto que ali viceja. A alvorada ainda está longe de ocorrer, quando ele torna a ouvir os lamentos do coiote, para os quais não tem nenhuma resposta, a não a sua própria aflição.

J.A.R. – H.C.

Robert Penn Warren
(1905-1989)

Arizona Midnight

The grief of the coyote seems to make
Stars quiver whiter over the blankness which
Is Arizona at midnight. In sleeping-bag,
Protected by the looped rampart of anti-rattler horsehair rope,
I take a careful twist, grinding sand on sand,
To lie on my back. I stare. Stars quiver, twitch,
In their infinite indigo. I know
Nothing to tell the stars, who go,
Age on age, along tracks they understand, and
The only answer I have for the coyote would be
My own grief, for which I have no
Tongue – indeed, scarcely understand.
Eastward, I see
No indication of dawn, not yet ready for the scream
Of inflamed distance,
Which is the significance of day.
But dimly I do see
Against that darkness, lifting in blunt agony,
The single great cactus. Once more I hear the coyote
Wail. I strain to make out the cactus. It has
Its own necessary beauty.

Pintura sem título
(Geninne D. Zlatkis: artista norte-americana)

Arizona à Meia-Noite

A aflição do coiote parece fazer
As estrelas tremeluzirem mais claramente no vazio
Que é o Arizona à meia-noite. No saco de dormir,
Protegido pelo remate em espiral da corda de crina antiofídios
Faço um cuidadoso giro, pulverizando areia sobre a areia,
Para deitar-me de costas. Olho fixamente. As estrelas cintilam, contraem-se,
Em seu índigo infinito. Nada
Sei para dizer às estrelas, que avançam,
Era após era, ao longo das trilhas que bem entendem, e
A única resposta que tenho para o coiote seria
A minha própria aflição, que não sei como
Expressá-la – em verdade, mal a compreendo.
Em direção ao leste, não vejo
Nenhum indício do alvorecer, ainda não concluso para o grito
De inflamada distância,
Que é o significado do dia.
Porém pouco vejo
Contra essa escuridão, sob a qual ergue-se em franca agonia
O único grande cacto. Mais uma vez ouço o gemido
Do Coiote. Esforço-me para distinguir o cacto. Ele tem
Sua própria e necessária beleza.

Referência:

WARREN, Robert Penn. Arizona midnight. In: PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie (Eds.). American’s favorite poems: the favorite poem project anthology. New York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 280.

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