O poeta passa a noite em uma região desértica do Arizona e ouve os
gemidos de um coiote. Apressa-se em se proteger dos ofídios, dormindo num bem
protegido saco, deitado de costas, a contemplar o céu estrelado.
Tudo é escuridão, razão por que não consegue nem mesmo distinguir os
contornos de um grande e belo cacto que ali viceja. A alvorada ainda está longe
de ocorrer, quando ele torna a ouvir os lamentos do coiote, para os quais não
tem nenhuma resposta, a não a sua própria aflição.
J.A.R. – H.C.
Robert Penn Warren
(1905-1989)
Arizona Midnight
The grief of the
coyote seems to make
Stars quiver whiter
over the blankness which
Is Arizona at
midnight. In sleeping-bag,
Protected by the
looped rampart of anti-rattler horsehair rope,
I take a careful
twist, grinding sand on sand,
To lie on my back. I
stare. Stars quiver, twitch,
In their infinite
indigo. I know
Nothing to tell the stars,
who go,
Age on age, along
tracks they understand, and
The only answer I
have for the coyote would be
My own grief, for
which I have no
Tongue – indeed,
scarcely understand.
Eastward, I see
No indication of
dawn, not yet ready for the scream
Of inflamed distance,
Which is the
significance of day.
But dimly I do see
Against that
darkness, lifting in blunt agony,
The single great
cactus. Once more I hear the coyote
Wail. I strain to
make out the cactus. It has
Its own necessary
beauty.
Pintura sem título
(Geninne D. Zlatkis:
artista norte-americana)
Arizona à Meia-Noite
A aflição do coiote
parece fazer
As estrelas
tremeluzirem mais claramente no vazio
Que é o Arizona à
meia-noite. No saco de dormir,
Protegido pelo remate
em espiral da corda de crina antiofídios
Faço um cuidadoso
giro, pulverizando areia sobre a areia,
Para deitar-me de
costas. Olho fixamente. As estrelas cintilam, contraem-se,
Em seu índigo
infinito. Nada
Sei para dizer às
estrelas, que avançam,
Era após era, ao
longo das trilhas que bem entendem, e
A única resposta que
tenho para o coiote seria
A minha própria
aflição, que não sei como
Expressá-la – em
verdade, mal a compreendo.
Em direção ao leste,
não vejo
Nenhum indício do
alvorecer, ainda não concluso para o grito
De inflamada
distância,
Que é o significado
do dia.
Porém pouco vejo
Contra essa
escuridão, sob a qual ergue-se em franca agonia
O único grande cacto.
Mais uma vez ouço o gemido
Do Coiote. Esforço-me
para distinguir o cacto. Ele tem
Sua própria e
necessária beleza.
Referência:
WARREN, Robert Penn. Arizona midnight. In:
PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie (Eds.). American’s
favorite poems: the favorite poem project anthology.
New York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 280.
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