Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Maria Eugênia Celso - Conformidade

A poetisa espera ver a felicidade nas coisas simples da vida. E, com a mesma simplicidade que lhe vai no espírito e na linguagem, expõe as “divinas bagatelas” capazes de lhe contentar o coração, como palavras brandas que, soltas despretensiosamente pelo ar, podem a outrem parecer estar impregnadas de amor.

Os versos livres e suavemente musicais transformam-se numa experiência estética que nos remete às primeiras décadas de nossas vidas, quando nos contentávamos em apreciar as belezas naturais com o espírito desvestido de quaisquer axiologias.

J.A.R. – H.C.

Maria Eugênia Celso
(1886-1963)

Conformidade

Não são as grandes alegrias as mais belas,
As que mais nos contentam o coração,
São, por vezes – divinas bagatelas!... –
Aquelas
Que a gente não espera e que as cousas nos dão.

Um galho que floriu numa varanda,
Um incêndio de sol num vidro multicor,
O aroma que o jardim, como um presente, manda,
Uma carta encontrada,
E essa palavra branda
Que talvez não quisesse dizer nada,
Onde julgaste ver uma sombra de amor...

Ornando o chapéu de domingo
(Daniel R. Knight: pintor norte-americano)

Referência:

CELSO, Maria Eugênia. Conformidade. In: __________. Alma vária. Porto Alegre, RS: Livraria do Globo, 1937. p. 46.

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