Os sonhos cheios de imagens, embora muitas vezes não consigamos alcançar
todos os sentidos de que se revestem, bem podem se tornar matéria de poesias ou
mesmo de pinturas, como as que costumeiramente nos chegam em versos e telas de tendências
surrealistas.
Archibald percebe que são efêmeros os momentos durante os quais as mais
promissoras ideias afloram. Por isso sugere a completa imersão do poeta no
fluxo do tempo, lançando mão dos vários efeitos que as palavras são capazes de engendrar,
para ali se manter em contínuo fastígio produtivo.
J.A.R. – H.C.
Archibald MacLeish
(1892-1982)
Words In Time
Bewildered with the
broken tongue
Of wakened angels in
our sleep –
Then, lost the music
that was sung
And lost the light
time cannot keep!
There is a moment
when we lie
Bewildered, wakened
out of sleep,
When light and sound
and all reply:
That moment time must
tame and keep.
That moment, like a
flight of birds
Flung from the
branches where they sleep,
The poet with a beat
of words
Flings into time for
time to keep.
O Poeta
(Paul Cadmus: pintor
norte-americano)
Palavras no Tempo
Perplexos com a
língua desconexa
Dos anjos que povoam nosso
sono –
Logo alheamo-nos da
música entoada,
Perdendo para sempre
esse átimo de luz!
Há um instante em que
ficamos
Aturdidos,
despertados do sono,
Quando luz e som e
tudo responde:
Eis o momento a
subjugar e reter.
Nesse momento, como
um voo de aves
Que debandam dos
galhos onde dormem,
O poeta com uma
percussão de palavras
Projeta-se no tempo
para que este perdure.
Referência:
MACLEISH. Archibald. Words in time. In:
BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT,
Cicely (Eds.). Best poems on the underground.
1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, 2009. p. 176.
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