Sonhar com pessoas que já partiram é um
de nossos sonhos mais comuns. Talvez seja o natural lenitivo para que possamos
melhor nos conformar com a ruptura dos relacionamentos, em especial com as
pessoas que nos eram mais caras.
É sobre esse tema que o poema de hoje
trata: uma faceta da condição humana, a finitude, incômoda para quem fica; ‘in
dubio pro mortuus’, pois não se conhecem as circunstâncias a que exposto no
além; matéria suficientemente complexa para ser examinada por um pesquisador
freudiano!
J.A.R. – H.C.
Thom Gunn
(1929-2004)
The Reassurance
About ten days or so
After we saw you dead
You came back in a
dream.
I’m alright now you
said.
And it was
you, although
You were fleshed out
again:
You hugged us all
round then,
And gave your
welcoming beam.
How like you to be so
kind,
Seeking to reassure.
And, yes, how like my
mind
To make itself secure.
O Anjo da Morte
(Evelyn De Morgan:
pintora inglesa)
O Alento
Uns dez dias mais ou
menos
Depois que vieste a
falecer
Retornaste em um
sonho.
“Estou bem agora”,
disseste.
E eras tu, em
que pese
Estivesses encorpado
de novo:
Abraçaste forte a
todos então,
E deste-nos o teu receptivo
sorriso.
Como gostas de ser
tão terno,
buscando nos
tranquilizar.
E, sim, como preza
minha mente
em mostrar-se invulnerável.
Referência:
GUNN, Thom. The reassurance. In:
BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best poems on the
underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, 2009. p. 111.
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