Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Thom Gunn - O Alento

Sonhar com pessoas que já partiram é um de nossos sonhos mais comuns. Talvez seja o natural lenitivo para que possamos melhor nos conformar com a ruptura dos relacionamentos, em especial com as pessoas que nos eram mais caras.

É sobre esse tema que o poema de hoje trata: uma faceta da condição humana, a finitude, incômoda para quem fica; ‘in dubio pro mortuus’, pois não se conhecem as circunstâncias a que exposto no além; matéria suficientemente complexa para ser examinada por um pesquisador freudiano!

J.A.R. – H.C.

Thom Gunn
(1929-2004)

The Reassurance

About ten days or so
After we saw you dead
You came back in a dream.
I’m alright now you said.

And it was you, although
You were fleshed out again:
You hugged us all round then,
And gave your welcoming beam.

How like you to be so kind,
Seeking to reassure.
And, yes, how like my mind
To make itself secure.

O Anjo da Morte
(Evelyn De Morgan: pintora inglesa)

O Alento

Uns dez dias mais ou menos
Depois que vieste a falecer
Retornaste em um sonho.
“Estou bem agora”, disseste.

E eras tu, em que pese
Estivesses encorpado de novo:
Abraçaste forte a todos então,
E deste-nos o teu receptivo sorriso.

Como gostas de ser tão terno,
buscando nos tranquilizar.
E, sim, como preza minha mente
em mostrar-se invulnerável.

Referência:

GUNN, Thom. The reassurance. In: BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best poems on the underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, ‎‎2009. p. 111.

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