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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Henrique do Cêrro Azul - O Sonho

Mais um achado pelas vias de Brasília, de onde extraí este belo soneto, dentre tantos que constam na obra em referência, maravilhosamente composta por este cearense de origem, que se radicou em Brasília, onde veio a se tornar Subprocurador-Geral da República.

Como se costuma dizer, morro e não vejo tudo: perpassados pelo lastro parnasiano, os poemas de Cêrro Azul revelam um poeta seguro das técnicas clássicas de criação, a enunciar os seus melhores argumentos em relação ao amor, às circunstâncias da vida, à natureza e aos seus vastos mistérios.

J.A.R. – H.C.

Henrique do Cêrro Azul
(1936-2015)

O Sonho

Gozar a vida? Só por intermédio
Do sonho. O gozo, no correr dos dias,
Todas as ilusões e as alegrias
Tornam-se tema para um epicédio...

Só o sonho é que serve de remédio
A tão grandes e tantas nostalgias,
Pois em meio de mágoas tão sombrias
Ate o próprio amor nos causa tédio.

O sonho, não! O sonho não nos cansa!
Bendita, pois, a mística esperança
E todo aquele que consegue tê-Ia...

Pois é o sonho que faz, bendito engano!
A gota d’água se julgar oceano
E o pirilampo se julgar estrela.

O sonho
(Pablo Picasso: artista espanhol)

Elucidário:

Epicédio: Discurso ou poema recitado em memória de pessoa notável.

Referência:

AZUL, Henrique do Cêrro. O sonho. In: __________. Sonetos e poemas. Brasília, DF: Ebrasa - Editora de Brasília S.A., 1967. p. 56.

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