Escrever poesias não é tão fácil quanto
possa parecer. Digo melhor, poesia de qualidade, que ambicione ser arte a
perdurar no universo da literatura – e não qualquer texto de duvidosos
predicados ou pretensões.
Essa é mais ou menos a mensagem que
Cunningham dirige aos seus contemporâneos, jovens ambiciosos que produzem muito
“ruído espiritual”, mas limitado trabalho de valor, para os quais faltam
experiência e bom senso, só alcançáveis com o passar do tempo.
J.A.R. – H.C.
J. V. Cunningham
(1911-1985)
For My Contemporaries
How time reverses
The proud in heart!
I now make verses
Who aimed at art.
But I sleep well.
Ambitious boys
Whose big lines swell
With spiritual noise,
Despise me not,
And be not queasy
To praise somewhat:
Verse is not easy.
But rage who will.
Time that procured me
Good sense and skill
Of madness cured me.
(1942)
Alegoria da Música e
da Poesia
(Sebastiano Conca:
pintor italiano)
Aos Meus
Contemporâneos
Como o tempo transmuda
O que no coração há
de vanglória!
Eu agora faço versos
Que se orientam à
arte.
Mas durmo
confortável.
Jovens ambiciosos,
Cujas grandes linhas enfatuam-se
Com rumor espiritual,
Não me desprezeis.
E não vos enfastieis
De elogiar um pouco:
Versejar não é fácil.
Mas a irritação que
se vá.
Granjeou-me o tempo
Bom senso e experiência
Para curar-me da
loucura.
Referência:
CUNNINGHAM, J. V. For my contemporaries.
In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York,
NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 80.
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