Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 20 de julho de 2017

J. V. Cunningham - Aos Meus Contemporâneos

Escrever poesias não é tão fácil quanto possa parecer. Digo melhor, poesia de qualidade, que ambicione ser arte a perdurar no universo da literatura – e não qualquer texto de duvidosos predicados ou pretensões.

Essa é mais ou menos a mensagem que Cunningham dirige aos seus contemporâneos, jovens ambiciosos que produzem muito “ruído espiritual”, mas limitado trabalho de valor, para os quais faltam experiência e bom senso, só alcançáveis com o passar do tempo.

J.A.R. – H.C.

J. V. Cunningham
(1911-1985)

For My Contemporaries

How time reverses
The proud in heart!
I now make verses
Who aimed at art.

But I sleep well.
Ambitious boys
Whose big lines swell
With spiritual noise,

Despise me not,
And be not queasy
To praise somewhat:
Verse is not easy.

But rage who will.
Time that procured me
Good sense and skill
Of madness cured me.

(1942)

Alegoria da Música e da Poesia
(Sebastiano Conca: pintor italiano)

Aos Meus Contemporâneos

Como o tempo transmuda
O que no coração há de vanglória!
Eu agora faço versos
Que se orientam à arte.

Mas durmo confortável.
Jovens ambiciosos,
Cujas grandes linhas enfatuam-se
Com rumor espiritual,

Não me desprezeis.
E não vos enfastieis
De elogiar um pouco:
Versejar não é fácil.

Mas a irritação que se vá.
Granjeou-me o tempo
Bom senso e experiência
Para curar-me da loucura.

Referência:

CUNNINGHAM, J. V. For my contemporaries. In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 80.

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