Em explícita alusão às esculturas dos
doze profetas, em pedra-sabão, expostas ao tempo em frente à igreja localizada
em Congonhas do Campo (MG), este poema de Paixão, poeta nascido em Portugal,
mas que há muito radicou-se no Brasil, apreende habilmente as características
do cenário à volta.
O silêncio, as colinas, o santuário barroco
de Bom Jesus de Matosinhos e a passagem do tempo, com os seus efeitos sobre a
dúzia de “pedra humanizada” saída do cinzel do artista Antônio Francisco
Lisboa, o epigrafado “Aleijadinho”.
J.A.R. – H.C.
Fernando Paixão
(n. 1955)
Aleijadinho
Na pausa do cinzel e
das ferramentas
declinas perguntas à
pedra.
Teus profetas elegem
o ar
conhecem o volteio
dos dias
pisam
o pergaminho das
parábolas.
Doze vezes a pedra
humanizada
respira
o silêncio das
colinas.
Tuas mãos em descanso
emocionam
o tempo fixado.
De: “25 azulejos”
(1994)
Vista de Santuário em
Congonhas com
os 12 Profetas de
autoria de Aleijadinho
Referência:
PAIXÃO, Fernando. Aleijadinho. In:
ASCHER, Nelson et al. Poetas na biblioteca: antologia. São Paulo, SP: Fundação
Memorial da América Latina, 2001. p. 135.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário