Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Fernando Paixão - Aleijadinho

Em explícita alusão às esculturas dos doze profetas, em pedra-sabão, expostas ao tempo em frente à igreja localizada em Congonhas do Campo (MG), este poema de Paixão, poeta nascido em Portugal, mas que há muito radicou-se no Brasil, apreende habilmente as características do cenário à volta.

O silêncio, as colinas, o santuário barroco de Bom Jesus de Matosinhos e a passagem do tempo, com os seus efeitos sobre a dúzia de “pedra humanizada” saída do cinzel do artista Antônio Francisco Lisboa, o epigrafado “Aleijadinho”.

J.A.R. – H.C.

Fernando Paixão
(n. 1955)

Aleijadinho

Na pausa do cinzel e das ferramentas
declinas perguntas à pedra.
Teus profetas elegem o ar
conhecem o volteio dos dias
pisam
o pergaminho das parábolas.
Doze vezes a pedra humanizada
respira
o silêncio das colinas.
Tuas mãos em descanso emocionam
o tempo fixado.

De: “25 azulejos” (1994)

Vista de Santuário em Congonhas com
os 12 Profetas de autoria de Aleijadinho

Referência:

PAIXÃO, Fernando. Aleijadinho. In: ASCHER, Nelson et al. Poetas na biblioteca: antologia. São Paulo, SP: Fundação Memorial da América Latina, 2001. p. 135.

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