Goethe deveria estar suficientemente irritado com algum crítico ou resenhador de sua obra, para ter redigido o poema abaixo. Será que frente ao próprio comentador teria faltado ele com a hospitalidade e a polidez, como sugere o insulto ao final do poema? Difícil de imaginar...
Não se sabe em que ocasião o poeta alemão resolveu retaliar de forma tão acintosa contra a figura dos críticos de um modo geral. Parece-lhe que estes são como os que ladram em direção àqueles que lhes são superiores em conquistas ou posição. Nada mais. Não deixa lá de ter alguma razão!
J.A.R. – H.C.
Não se sabe em que ocasião o poeta alemão resolveu retaliar de forma tão acintosa contra a figura dos críticos de um modo geral. Parece-lhe que estes são como os que ladram em direção àqueles que lhes são superiores em conquistas ou posição. Nada mais. Não deixa lá de ter alguma razão!
J.A.R. – H.C.
Rezensent
Da hatt ich einen Kerl zu Gast,
Er war mir eben nicht zur Last;
ich hatt just mein gewöhnlich Essen,
Hat sich der Kerl pumpsatt gefressen,
Zum Nachtisch, was ich gespeichert hatt.
Und kaum ist mir der Kerl so satt,
Tut ihn der Teufel zum Nachbar führen,
Über mein Essen zu räsonieren:
“Die Supp hätt können gewürzter sein,
Der Braten brauner, firner der Wein.”
Der Tausendsackerment!
Schlagt ihn tot, den Hund! Es ist ein Rezensent.
Da hatt ich einen Kerl zu Gast,
Er war mir eben nicht zur Last;
ich hatt just mein gewöhnlich Essen,
Hat sich der Kerl pumpsatt gefressen,
Zum Nachtisch, was ich gespeichert hatt.
Und kaum ist mir der Kerl so satt,
Tut ihn der Teufel zum Nachbar führen,
Über mein Essen zu räsonieren:
“Die Supp hätt können gewürzter sein,
Der Braten brauner, firner der Wein.”
Der Tausendsackerment!
Schlagt ihn tot, den Hund! Es ist ein Rezensent.
Crítico
Eis que me veio uma visita
do tipo (achei) que não me irrita.
O meu jantar não era chique,
mas ele comeu tanto ali que
não sobrou nada em casa e, quando
parou, já quase arrebentando,
o demo o fez sair só para
cuspir no prato em que jantara:
“A sopa estava um arremedo;
a carne, crua; o vinho, azedo.”
Que morra paralítico!
Com mil demônios! Era um crítico.
Eis que me veio uma visita
do tipo (achei) que não me irrita.
O meu jantar não era chique,
mas ele comeu tanto ali que
não sobrou nada em casa e, quando
parou, já quase arrebentando,
o demo o fez sair só para
cuspir no prato em que jantara:
“A sopa estava um arremedo;
a carne, crua; o vinho, azedo.”
Que morra paralítico!
Com mil demônios! Era um crítico.
Referência:
GOETHE, Johann Wolfgang von. Rezenset / Crítico. In: ASCHER, Nelson (Tradução e Organização). Poesia alheia: 124 poemas traduzidos. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1998. Em alemão: p. 270; em português: p. 271. (Coleção “Lazuli”)
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