A passagem abaixo, extraída ao “Hamlet” do bardo, diz respeito a uma
conversa entre os personagens Bernardo, Horácio e Marcelo, sobre a aparição de
um fantasma durante a noite – o do rei Hamlet –, quando, pelo amanhecer, o galo
canta e o espírito se retira. Certos de que teriam visto o fantasma do pai de
Hamlet, decidem eles informar o príncipe.
Nota-se nas palavras de Marcelo a menção à época de Natal, oportunidade
em que o galo tende a cantar a noite inteira, espantando os espíritos, que não
ousam sair dos túmulos. “As noites são saudáveis; nenhum astro vaticina; nenhuma
fada encanta, nem feiticeira enfeitiça; tão santo e cheio de graça é esse tempo”.
J.A.R. – H.C.
William Shakespeare
(1564-1616)
Hamlet
Act I, Scene I
Bernardo: It was about to speak, when the cock crew.
Horatio: And then it started, like a guilty thing
Upon a fearful summons. I have heard
The cock, that is the trumpet to the morn,
Doth with his lofty and shrill-sounding throat
Awake the god of day; and at his warning,
Whether in sea or fire, in earth or air,
Th’ extravagant and erring spirit hies
To his confine; and of the truth herein
This present object made probation.
Marcellus: It faded on the crowing of the cock.
Some say that ever, ’gainst that season comes
Wherein our Saviour’s birth is celebrated,
The bird of dawning singeth all night long;
And then, they say, no spirit dare stir abroad,
The nights are wholesome, then no planets strike,
No fairy takes, nor witch hath power to charm,
So hallow’d and so gracious is the time.
Horatio: So have I heard and do in part believe it.
But look, the morn, in russet mantle clad,
Walks o’er the dew of yon high eastward hill.
Break we our watch up; and by my advice
Let us impart what we have seen to-night
Unto young Hamlet; for, upon my life,
This spirit, dumb to us, will speak to him.
Galo de Natal
(Alan Giana: artista
norte-americano)
Hamlet
Ato I, Cena I
Bernardo: Ele ia falar quando o galo cantou.
Horácio: E aí estremeceu como alguém culpado
Diante de uma
acusação. Ouvi dizer que o galo,
Trombeta da alvorada,
com sua voz aguda,
Acorda o Deus do dia,
E que a esse sinal,
Os espíritos
errantes,
Perdidos em terra ou
no mar, no ar ou no fogo,
Voltam rapidamente às
suas catacumbas.
O que acabamos de ver
prova que isso é verdade.
Marcelo: Se decompôs ao
clarinar do galo,
Dizem que, ao se
aproximar o Natal de Nosso Salvador,
O galo, pássaro da
alvorada, canta a noite toda:
E aí, se diz, nenhum
espírito ousa sair do túmulo.
As noites são
saudáveis; nenhum astro vaticina;
Nenhuma fada encanta,
nem feiticeira enfeitiça;
Tão santo e cheio de
graça é esse tempo.
Horácio: Eu também ouvi assim
e até acredito, em parte.
Mas, olha: a
alvorada, vestida no seu manto púrpura,
Pisa no orvalho,
subindo a colina do Oriente.
Está terminada a
guarda; se querem um conselho,
Acho que devemos
comunicar ao jovem Hamlet
O que aconteceu esta
noite; creio, por minha vida,
Que esse espírito,
mudo pra nós, irá falar com ele.
Referências:
Em Inglês
SHAKESPEARE, William. Hamlet: Act I, Scene I (excerpt). In: __________. The Oxford Shakespeare: the complete works.
General editors: Stanley Wells and Gary Taylor. Edited by John Jowett, William
Montgomery Gary Taylor and Stanley Wells. With introduction by Stanley Wells.
2nd ed. Oxford, EN: Oxford University Press, 2005. p. 684.
Em Português
SHAKESPEARE, William. Hamelt: Ato I, Cena I (excerto). In: __________. Hamlet. Tradução de Millôr Fernandes. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011. p. 18-19. (Coleção ‘L&PM Pocket’; v. 4)
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