Neste poema, Frost nos leva à presença de um idoso que está sozinho em
sua residência, em meio aos rigores do inverno. Em razão da idade, já não é
capaz nem de se lembrar das razões por que lá se encontra. Em determinado
momento, assusta-se com o porão debaixo de seus pés, assim como a noite escura,
lá fora. Logo depois, dormita em frente ao fogo crepitante.
O poema nos leva a meditar sobre a condição humana, o peso de toda a
solidão com que se deparam os de idade avançada. Ainda assim, o idoso não deixa
de fazer sua luz brilhar, mantendo a fé e a estabilidade contra o caos à volta.
J.A.R. – H.C.
Robert Frost
(1874-1963)
An Old Man’s
Winter Night
All out-of-doors looked darkly in at him
Through the thin frost, almost in separate stars,
That gathers on the pane in empty rooms.
What kept his eyes from giving back the gaze
Was the lamp tilted near them in his hand.
What kept him from remembering what it was
That brought him to that creaking room was age.
He stood with barrels round him − at a loss.
And having scared the cellar under him
In clomping here, he scared it once again
In clomping off; − and scared the outer night,
Which has its sounds, familiar, like the roar
Of trees and crack of branches, common things,
But nothing so like beating on a box.
A light he was to no one but himself
Where now he sat, concerned with he knew what,
A quiet light, and then not even that.
He consigned to the moon, such as she was,
So late-arising, to the broken moon
As better than the sun in any case
For such a charge, his snow upon the roof,
His icicles along the wall to keep;
And slept. The log that shifted with a jolt
Once in the stove, disturbed him and he shifted,
And eased his heavy breathing, but still slept.
One aged man − one man − can’t keep a house,
A farm, a countryside, or if he can,
It’s thus he does it of a winter night.
Idoso Dormindo
(Rembrandt: pintor
holandês)
Noite de Inverno de um Idoso
Os que estavam fora
olhavam para dentro em sua direção
Por entre a geada
fina, quase como estrelas dispersas,
Acumuladas sobre a
vidraça das salas vazias.
A lâmpada em sua mão,
inclinada perto deles,
Impediu os seus olhos
de corresponder à mirada.
O que o obstava de
recordar-se sobre o que o teria
Levado àquela sala
estridente era a idade.
Achou-se rodeado por
tonéis – desnorteado.
E tendo se assustado
com a adega sob seus pés,
Pisou mais forte ao
lá entrar, e de novo se assustou
Ao retirar-se; por igual, assustou-o a noite lá fora,
Com os seus sons,
familiares, como o ruído
Das árvores e o
estalido dos ramos, coisas comuns,
Mas nada assim como
chocar-se contra um caixote.
A luz a ninguém
cobria a não ser a si próprio
Onde agora estava
sentado, agitado com os seus
Desígnios, uma luz
tranquila, e depois nem isso.
Rendeu-se à lua, tal
como se encontrava,
Em ascensão tardia, a
uma lua fendida,
Tão melhor do que o
sol em qualquer caso
Para a missão de
velar pela neve sobre o teto,
De manter pingentes
de gelo suspensos na parede;
E caiu no sono. Um
lenho que, num ensejo, moveu-se na
Estufa com um estrépito, o
inquietou fazendo-o mexer-se,
E aliviou a
respiração pesada, embora ainda dormisse.
Um idoso – um homem –
não pode manter uma casa,
Uma fazenda, uma
gleba, ou se o pode,
Fá-lo desse modo numa
noite de inverno.
Referência:
FROST, Robert. An old man’s winter night. In: __________. Complete poems of Robert Frost. 17th
printing. New York, NY: Holt, Rinehart and Winston, 1964. p. 135.
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