O poeta busca o presépio do Senhor, sem qualquer estrela móvel no
firmamento que lhe oriente sobre a sua real posição. Sem peregrinos, com muitas
e grandes cidades pelo caminho, desaparecida, contudo, a cidade em que estará o
recém-nascido em seu humilde recanto.
O poema de Schmidt remete à aceleração do fluxo temporal, denotando com
isso a sofreguidão vivenciada pelos citadinos, sem oportunidade para aterem-se
às supremas demandas do espírito, motivo de troça por parte de quem, há muito,
declinou de tais diligências.
J.A.R. – H.C.
Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)
À Procura do Natal
Caminharei em busca
do presépio
A noite inteira, meu Senhor.
Não haverá, porém,
nenhuma estrela,
Para guiar meus
passos.
Todas as estrelas
estarão imóveis
No céu imóvel.
Caminharei em busca
do presépio
A noite inteira, meu Senhor.
As estradas, porém,
estarão solitárias,
Tudo estará
adormecido,
As luzes das casas,
apagadas,
As vozes dos
peregrinos terão morrido
na distância sem fim.
Caminharei ansioso à
tua procura,
Mas estarei tão
atrasado,
O tempo terá
caminhado tão na minha frente,
Que me será difícil
encontrar teu recanto humilde.
Cansado, encontrarei
grandes cidades,
Mas a tua cidade,
Senhor, terá desaparecido.
Muitos se rirão de
mim, sabendo que te procuro.
Não haverá nenhuma
estrela
Para mostrar o lugar
em que te encontras.
Todas as estrelas
estarão imóveis no céu...
Cena da Natividade
(Hans von Aachen:
pintor alemão)
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