E o inverno se aproxima no hemisfério norte... A estação foi, é e sempre
será uma das mais relembradas pelos poetas, porque tende a retê-los no
aconchego dos seus lares, com os seus familiares e amigos, ao tempo que os
torna mais centrados em suas próprias divagações, leituras e escritos.
Parece ser o caso do poeta norte-americano Henry Abbey, que se concentra
em descrever a chegada do “ancião de barbas grisalhas” e os seus efeitos sobre
a paisagem dos campos e bosques, bem assim sobre as aves canoras, antes tão
compenetradas em seu mister, mas já agora tão distantes.
J.A.R. – H.C.
Henry Abbey
(1842-1911)
Winter Days
Now comes the graybeard of the north:
The forests bare their rugged breasts
To every wind that wanders forth,
And, in their arms, the lonely nests
That housed the birdlings months ago
Are egged with flakes of drifted snow.
No more the robin pipes his lay
To greet the flushed advance of morn;
He sings in valleys far away;
His heart is with the south today;
He cannot shrill among the corn:
For all the hay and corn are down
And garnered; and the withered leaf,
Against the branches bare and brown,
Rattles; and all the days are brief.
An icy hand is on the land;
The cloudy sky is sad and gray;
But through the misty sorrow streams,
Outspreading wide, a golden ray.
And on the brook that cuts the plain
A diamond wonder is aglow,
Fairer than that which, long ago,
De Rohan staked a name to gain.
Luz do Inverno
(Brenda Owen: pintora
norte-americana)
Dias de Inverno
Agora vem o ancião do
norte:
Os bosques desnudam os
seus robustos torsos
A qualquer vento que desponta erradio.
E, em seus braços, os
ninhos desocupados,
Que abrigavam pequenos
pássaros meses atrás,
São fustigados por
flocos de neve à deriva.
Já não entoa o melro o seu trinado
Para saudar o avanço refulgente
da manhã;
Agora ele canta em
vales distantes;
Mais ao sul, onde
está o seu coração;
Não pode chilrear em
meio ao trigo:
O feno e o milho estão
sendo colhidos
E armazenados; e a
folhagem ressequida
Choca-se contra os
ramos despidos
E adustos; e bem mais
curtos são os dias.
Uma mão gélida pousa
sobre a terra,
E o céu nublado
mostra-se triste e cinzento;
Porém entre os
enevoados pesares flui,
Em ampla difusão, um
raio dourado.
E no córrego que
atravessa a planície
Uma maravilha diamantina resplandece,
Mais bela que aquela em que, há muito tempo,
De Rohan apostara
sequioso por ganhos.
Referência:
ABBEY, Henry. Winter days. In: STEDMAN, Edmund Clarence (Ed.). An American Anthology: 1787–1900.
Selections Illustrating the Editor’s Critical Review of American Poetry in the
Nineteenth Century. Sixth Impression. Boston and New York: Houghton, Mifflin
and Company, 1900. p. 442.
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