Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Li Bai - A Orquídea Solitária

Tudo tem seu tempo e lugar: já anunciava o Eclesiastes na memória dos tempos. Se uma orquídea temporã irrompe suas flores já no outono avançado, não convergirá para si a mesma atenção que granjearia, caso houvesse desabrochado em pleno verão.

O poeta então se pergunta quais os intentos de uma expressão de vida que brotou fora de época, se, por acaso, não soprar uma brisa capaz de levar o perfume da orquídea para próximo daqueles a quem, em última instância, ele se orienta.

J.A.R. – H.C.

Li Bai
(701 d.C. - 762 d.C.)

A Orquídea Solitária

gu feng trinta e oito

Uma orquídea solitária
desabrochou um dia num jardim vazio,
rodeada de ervas e tristeza.
Outrora a Primavera tépida,
agora o Outono frio.
A geada embranquece a terra,
murcham as folhas verdes,
extingue-se a flor.
Se não soprar a brisa
quem aspirará as résteas de perfume?

Orquídea Violeta
(Sharon Freeman: artista norte-americana)

Referência:

BAI, Li. A orquídea solitária. In: __________. Poemas de Li Bai. Tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu. Macau (MO): Instituto Cultural de Macau, 1990. p. 85.

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