Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 24 de julho de 2016

Reinaldo Arenas - Envio

O poeta, cubano de origem, teclou o “f” para o mundo (rs). Basta ver o caráter furioso e macabro deste seu soneto, a evocar o Diabo e o seu mais alto dignitário, com o objetivo de conferir-lhe poderes para que possa transformar este mesmo mundo num ossuário.

Aliás, não só este mundo, como também centenas de universos: ora ora, desconhecem-se os motivos pelos quais, num veio devastador e niilista, o poeta quer por fim tanto aos escravos quanto aos proprietários...

J.A.R. – H.C.

Reinaldo Arenas Fuentes
(1943-1990)

Envío

Ruego al Diablo y a su más alto dignatario
acojan esta suerte de blasfemia
como se acoge un mal, una epidemia,
que acaba con esclavo y propietario.

Que acaba con esclavo y propietario
y si pudiera con la tierra entera,
pues, para serles franco, yo quisiera
convertir al mundo en un osario.

Convertir al mundo en un osario
y si pudiera todos los confines,
y si pudiera cientos de universos.

Ese es el propósito temerario
(no me hablen de rosas, amores o delfines)
que inspiraron estos furiosos versos.

Passeio
(Jean-Baptiste Debret: artista francês)

Envio

Rogo ao Diabo e a seu mais alto dignitário
para que acolham esta sorte de blasfêmia,
como se acolhe um mal, uma epidemia
que acaba com escravo e proprietário.

Que acaba com escravo e proprietário
e se pudesse com a terra inteira,
pois, para ser-lhes franco, eu quisera
converter o mundo num ossuário.

Converter o mundo num ossuário
e se pudesse todos os confins,
e se pudesse centenas de universos.

Esse é o propósito temerário
(não me falem de rosas, amores e delfins)
que inspiraram estes furiosos versos.

Referência:

ARENAS, Reinaldo. Envío. In: ARIQUE. Revista de Poesía. La Habana - Santiago de Chile - Miami, n. 28, jul-dec.2008. p. 12.

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