O poeta, cubano de origem, teclou o “f” para o mundo (rs). Basta ver o
caráter furioso e macabro deste seu soneto, a evocar o Diabo e o seu mais alto
dignitário, com o objetivo de conferir-lhe poderes para que possa transformar este
mesmo mundo num ossuário.
Aliás, não só este mundo, como também centenas de universos: ora ora,
desconhecem-se os motivos pelos quais, num veio devastador e niilista, o poeta
quer por fim tanto aos escravos quanto aos proprietários...
J.A.R. – H.C.
Reinaldo Arenas Fuentes
(1943-1990)
Envío
Ruego al Diablo y a
su más alto dignatario
acojan esta suerte de
blasfemia
como se acoge un mal,
una epidemia,
que acaba con esclavo
y propietario.
Que acaba con esclavo
y propietario
y si pudiera con la
tierra entera,
pues, para serles
franco, yo quisiera
convertir al mundo en
un osario.
Convertir al mundo en
un osario
y si pudiera todos
los confines,
y si pudiera cientos
de universos.
Ese es el propósito
temerario
(no me hablen de
rosas, amores o delfines)
que inspiraron estos
furiosos versos.
Passeio
(Jean-Baptiste Debret:
artista francês)
Envio
Rogo ao Diabo e a seu
mais alto dignitário
para que acolham esta
sorte de blasfêmia,
como se acolhe um
mal, uma epidemia
que acaba com escravo
e proprietário.
Que acaba com escravo
e proprietário
e se pudesse com a
terra inteira,
pois, para ser-lhes
franco, eu quisera
converter o mundo num
ossuário.
Converter o mundo num
ossuário
e se pudesse todos os
confins,
e se pudesse centenas
de universos.
Esse é o propósito
temerário
(não me falem de
rosas, amores e delfins)
que inspiraram estes
furiosos versos.
Referência:
ARENAS, Reinaldo. Envío. In: ARIQUE. Revista de Poesía. La Habana -
Santiago de Chile - Miami, n. 28, jul-dec.2008. p. 12.
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