Ser bela não apenas no aspecto físico, mas sobretudo na “pátria do ser”;
não somente pela expressão ondulante do corpo – como num respirar de vela –,
senão pela completude de uma vontade realizadora.
Tal é o padrão que Andresen vislumbra para a mulher do presente: uma
beleza total, não vulgarizada pelos apelos fáceis – clássica como um Mantegna
e, ao mesmo tempo, vanguardista e provocadora, como uma tela de Picasso...
J.A.R. – H.C.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(1919-2004)
Sua Beleza
Sua beleza é total
Tem a nítida
esquadria de um Mantegna
Porém como um Picasso
de repente
Desloca o visual
Seu torso lembra o
respirar da vela
Seu corpo é solar e
frontal
Sua beleza à força de
ser bela
Promete mais do que
prazer
Promete um mundo mais
inteiro e mais real
Como pátria do ser
Madona da Vitória
(Andrea Mantegna:
pintor italiano)
Referência:
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. O nome das coisas. Prefácio de Fernando Cabral Martins. Lisboa,
PT: Assírio & Alvim, 2015. p. 43.
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Parabéns pelo blog! Excelente seleção de versos, e ainda mais, comentados!
ResponderExcluirRibeiro: Muito obrigado pelo comentário. Melhor ainda que você gostou.
ExcluirUm abraço.
João A. Rodrigues