Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 16 de julho de 2016

Sophia de Mello Breyner Andresen - Sua Beleza

Ser bela não apenas no aspecto físico, mas sobretudo na “pátria do ser”; não somente pela expressão ondulante do corpo – como num respirar de vela –, senão pela completude de uma vontade realizadora.

Tal é o padrão que Andresen vislumbra para a mulher do presente: uma beleza total, não vulgarizada pelos apelos fáceis – clássica como um Mantegna e, ao mesmo tempo, vanguardista e provocadora, como uma tela de Picasso...  

J.A.R. – H.C.

Sophia de Mello Breyner Andresen
(1919-2004)

Sua Beleza

Sua beleza é total
Tem a nítida esquadria de um Mantegna
Porém como um Picasso de repente
Desloca o visual

Seu torso lembra o respirar da vela
Seu corpo é solar e frontal
Sua beleza à força de ser bela
Promete mais do que prazer
Promete um mundo mais inteiro e mais real
Como pátria do ser

Madona da Vitória
(Andrea Mantegna: pintor italiano)

Referência:

ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. O nome das coisas. Prefácio de Fernando Cabral Martins. Lisboa, PT: Assírio & Alvim, 2015. p. 43.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog! Excelente seleção de versos, e ainda mais, comentados!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ribeiro: Muito obrigado pelo comentário. Melhor ainda que você gostou.
      Um abraço.
      João A. Rodrigues

      Excluir