O novelista e poeta suíço-francês Blaise Cendrars esteve na Bahia de
Todos os Santos, em meados de 1924, e compôs o descritivo poema sobre o panorama
soteropolitano, que abaixo transcrevemos.
Salta aos olhos a imagem colorida, ensolarada e movimentada que Cendrars
resenha em rápidos vislumbres, como se quisesse pintar uma tela em amplas
pinceladas, mas nem por isso menos precisas.
Obs.: A pintura que ilustra esta postagem com a paisagem da capital
baiana é de autoria do artista argentino, naturalizado brasileiro, Carybé
(1911-1997), que fixou residência em Salvador por mais de quatro décadas. Um
legítimo baiano, portanto!
J.A.R. – H.C.
Blaise Cendrars
(1887-1961)
Bahia
Lagunes églises palmiers maisons cubiques
Grandes barques avec
deux voiles rectangulaires renversées
qui ressemblent aux jambes
immenses d’un pantalon que le vent gonfle
Petites barquettes à
aileron de requin qui bondissent
entre les lames de
fond
Grands nuages
perpendiculaires renflés colorés comme
des poteries
Jaunes et bleues
Vista de Salvador e Elevador Lacerda
(Carybé: artista
argentino)
Bahia
Lagunas igrejas
palmeiras casas cúbicas
Grandes barcos com
duas velas retangulares invertidas
que se assemelham a
duas pernas
imensas de uma calça inflada
pelo vento
Pequenos barquinhos à
barbatana de tubarão
que saltam entre os
vagalhões
Grandes nuvens
perpendiculares enfunadas e coloridas
como cerâmicas
Amarelas e azuis
Referência:
CENDRARS, Blaise. Bahia. In: __________. Du monde entier au coeur du monde: poèmes. Première édition définitive et
complète des poèsies de l’auteur. Paris, FR: Denoël, 1957. p. 229.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário