O poema de hoje, no qual consta a epígrafe “Pauca Meae” (em latim, “Minha
Pequena”), foi dedicado pelo escritor e poeta francês Victor Hugo à sua falecida
filha Léopoldine.
Sabe-se lá a dor, a saudade e o sentimento de perda dos pais, por um
filho (ou filha) que faleceu antes deles: afinal, nunca se especula que tal
aconteça, haja vista que a ordem esperável, como se natural fosse, é a de os
filhos presidirem as exéquias de seus genitores...
J.A.R. – H.C.
Victor Hugo
(1802-1885)
Demain, dès l’aube
Demain, dès l’aube, à l’heure où blanchit la
campagne,
Je partirai. Vois-tu,
je sais que tu m’attends.
J’irai par la forêt,
j’irai par la montagne.
Je ne puis demeurer
loin de toi plus longtemps.
Je marcherai les yeux
fixés sur mes pensées,
Sans rien voir au
dehors, sans entendre aucun bruit,
Seul, inconnu, le dos
courbé, les mains croisées,
Triste, et le jour
pour moi sera comme la nuit.
Je ne regarderai ni l’or
du soir qui tombe,
Ni les voiles au loin descendant vers Harfleur,
Et quand j’arriverai,
je mettrai sur ta tombe
Un bouquet de houx
vert et de bruyère en fleur.
(“Les Contemplations”, Livre 4, 1856)
Pais em visita ao túmulo do filho
(Vasily Perov: pintor
russo)
Amanhã, desde a aurora...
Amanhã, desde a
aurora a clarear a campanha,
Eu partirei. Bem vês,
eu sei que tu me esperas,
Irei pela floresta,
irei pela montanha.
Eu não posso ficar
longe de tuas terras.
Andarei, olhos fixos
nas cimas descuidadas,
Sem nada ver lá fora,
sem ter o que me açoite,
Desconhecido só,
curvado, as mãos cruzadas,
E para mim o dia será
como uma noite.
Eu não hei de fitar
nem o ouro do crepúsculo,
Nem as velas ao
longe, de trêmulo fulgor,
Quando chegar porei
no sepulcro um ramúsculo
Florido de azevinho e
outro de urze em flor.
(“As Contemplações”, Livro 4, 1856)
Referências:
Em Francês
HUGO, Victor. Demain, dès l’aube... In: __________. Oeuvres complètes. Poèsie 2: Châtiments, Les
comtemplations, La legende des siècles, Les chansons des rues et des bois, La
voix de Guernesey. Paris: Robert
Laffont, 1985. p. 410.
Em Português
HUGO, Victor. Amanhã, desde a auora...
In: __________. Obras completas de
Victor Hugo. Tomo 42. Tradução de Jamil Almansur Haddad. São Paulo, SP:
Editora das Américas, 1960. p. 327.
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