Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 12 de julho de 2016

Hippolyte Taine - A Íntima Confiança de um Gato

O crítico e historiador francês Hippolyte Taine era louco por gatos. E, para eles, redigiu uma série de sonetos inspirados, entre os quais o que ilustra esta postagem, cheio de loas aos felinos.

Afirma Taine que nem os gregos, tampouco os romanos, foram capazes de granjear a confiança dos gatos. Estes por seu comportamento nada compassivo, aqueles pelo espírito facundo. Tudo muito distintamente do que ocorrera no Egito antigo, onde eram considerados animais sagrados...

J.A.R. – H.C.

Hippolyte Taine
(1828-1893)

La Société

Ni l’Hellène bavard, ni le brutal Romain,
N’ont su gagner du chat la confiance intime.
Son cœur qui vaut beaucoup et qui beaucoup s’estime
Fuit la société du rustre et du gamin,

Seule, la vieille Égypte a trouvé le chemin
Qui nous ouvre l’accès de ce coeur magnanime.
Son culte solennel fut un pont sur l’abîme
Entre la bête auguste et l’animal humain.

Trente siècles durant, du haut de ses pylônes,
Le chat vit à ses pieds la majesté des trônes
Et le front prosterné du Pharaon vainqueur.

Un peuple en pleurs suivait ses pompes mortuaires
Pour sa tombe on sculptait l’onyx des sanctuaires
Il sut par nos respects que l’homme avait un cœur.

“À trois chats, douze sonnets” (1883)

Filhotes num Cesto de Papel Usado
(Henriette Ronner-Knip: pintora holandesa)

A Sociedade

Nem o loquaz Helênico, nem o brutal Romano,
Lograram granjear a íntima confiança do gato.
Seu coração que vale muito e que muito se estima
Esquiva-se à sociedade vulgar e zombeteira.

Somente o velho Egito encontrou o caminho
Capaz de franquear o acesso a esse coração magnânimo.
Seu culto solene foi uma ponte sobre o abismo
Entre a besta augusta e o animal humano.

Durante trinta séculos, do alto de seus pilares,
O gato viu a seus pés a majestade dos tronos
E a fronte prosternada do Faraó vitorioso.

Um povo em prantos assistia às suas pompas funerárias;
Para a sua tumba alguém esculpia o ônix dos santuários.
Sabia ele, pelos afagos, que o homem possuía um coração.

“A três gatos, doze sonetos” (1883)

Referência:

TAINE, Hippolyte. La société. In: NOVARINO-POTHIER, Albine (Éd.). Le chat em 60 poèmes. Paris: Omnibus, 2013. p. 40.
ö

Nenhum comentário:

Postar um comentário