O crítico e historiador francês Hippolyte Taine era louco por gatos. E,
para eles, redigiu uma série de sonetos inspirados, entre os quais o que
ilustra esta postagem, cheio de loas aos felinos.
Afirma Taine que nem os gregos, tampouco os romanos, foram capazes de granjear
a confiança dos gatos. Estes por seu comportamento nada compassivo, aqueles pelo
espírito facundo. Tudo muito distintamente do que ocorrera no Egito antigo,
onde eram considerados animais sagrados...
J.A.R. – H.C.
Hippolyte Taine
(1828-1893)
La Société
Ni l’Hellène bavard, ni le brutal Romain,
N’ont su gagner du chat la confiance intime.
Son cœur qui vaut beaucoup et qui beaucoup s’estime
Fuit la société du rustre
et du gamin,
Seule, la vieille
Égypte a trouvé le chemin
Qui nous ouvre l’accès
de ce coeur magnanime.
Son culte solennel fut un pont sur l’abîme
Entre la bête auguste
et l’animal humain.
Trente siècles
durant, du haut de ses pylônes,
Le chat vit à ses
pieds la majesté des trônes
Et le front prosterné
du Pharaon vainqueur.
Un peuple en pleurs suivait ses pompes mortuaires
Pour sa tombe on sculptait l’onyx des sanctuaires
Il sut par nos
respects que l’homme avait un cœur.
“À trois chats, douze sonnets” (1883)
Filhotes num Cesto de Papel Usado
(Henriette
Ronner-Knip: pintora holandesa)
A Sociedade
Nem o loquaz Helênico,
nem o brutal Romano,
Lograram granjear a íntima
confiança do gato.
Seu coração que vale
muito e que muito se estima
Esquiva-se à sociedade
vulgar e zombeteira.
Somente o velho Egito
encontrou o caminho
Capaz de franquear o
acesso a esse coração magnânimo.
Seu culto solene foi
uma ponte sobre o abismo
Entre a besta augusta
e o animal humano.
Durante trinta
séculos, do alto de seus pilares,
O gato viu a seus pés
a majestade dos tronos
E a fronte
prosternada do Faraó vitorioso.
Um povo em prantos assistia às suas pompas funerárias;
Para a sua tumba
alguém esculpia o ônix dos santuários.
Sabia ele, pelos
afagos, que o homem possuía um coração.
“A três gatos, doze sonetos” (1883)
Referência:
TAINE, Hippolyte. La société. In: NOVARINO-POTHIER,
Albine (Éd.). Le chat em 60 poèmes.
Paris: Omnibus, 2013. p. 40.
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