Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 18 de julho de 2016

William Blake - Londres

Londres à noite, para Blake, não promete mais do que a maldição das rameiras e o desespero estampado no rosto das pessoas, informe-se, nas imediações do espaço urbano da capital inglesa por demais frequentado, hoje em dia, por levas de turistas: o Tâmisa.

O poema é atravessado por referentes sonoros – gritos, maldições, vozes, suspiros –, e isso nos permite associar o panorama londrino a um núcleo urbano em transformação acelerada, com as suas consequentes mazelas, no âmbito da revolução industrial então em curso.

J.A.R. – H.C.

William Blake
(1757-1827)

London

I wander thro’ each charter’d street
Near where the charter’d Thames does flow,
And mark in every face I meet
Marks of weakness, marks of woe.

In every cry of every Man,
In every Infant’s cry of fear,
In every voice, in every ban,
The mind-forg’d manacles I hear:

How the Chimney-sweeper’s cry
Every black’ning Church appalls,
And the hapless Soldier’s sigh
Runs in blood down Palace walls;

But most thro’ midnight streets I hear
How the youthful Harlot’s curse
Blasts the new-born Infant’s tear,
And blights with plagues the Marriage hearse.

Londres à Noite
(George Rossidis: pintor grego)

Londres

Em cada rua escriturada em que ando,
Onde o Tâmisa escriturado passa,
Eu nos rostos que encontro vou notando
Os sinais da doença e da desgraça.

Ouço nos gritos que os adultos dão,
E nos gritos de medo do inocente,
Em cada voz, em cada interdição,
As algemas forjadas pela mente

Se o Limpa-Chaminés acaso grita,
Assusta a Igreja escura pelos anos;
Se o Soldado suspira de desdita,
O sangue mancha os muros palacianos.

Mas o que mais à meia noite é ouvido
É a rameira a lançar praga fatal,
Que estanca o pranto do recém-nascido
E empesteia a mortalha conjugal.

Referência:

BLAKE, William. Londres. Tradução de Paulo Vizioli. In: __________. William Blake: poesia e prosa selecionadas. Edição bilíngue. Introdução, seleção e tradução de Paulo Vizioli. São Paulo, SP: Nova Alexandria, 1993. Em inglês: p. 62; em português: p. 63.

Nenhum comentário:

Postar um comentário