Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 17 de julho de 2016

Cruz e Sousa - O Soneto

Um soneto cujo tema é o próprio soneto: um metassoneto! E quem o concebe é um clássico da fase simbolista da literatura brasileira, ou seja, Cruz e Sousa, vate que o empregou na maior parte das obras que legou à posteridade.

Há, segundo o autor, morbidez, voluptuosidade e extravagância nas formas do soneto que, muito a despeito, revela também beleza e capricho sob os seus contornos de vetusta púrpura, por onde circulam os sonhos de almas dolorosas, como, presume-se, a do próprio poeta!

J.A.R. – H.C.

Cruz e Sousa
(1861-1898)

O Soneto

Nas formas voluptuosas o Soneto
Tem fascinante, cálida fragrância
E as leves, langues curvas de elegância
De extravagante e mórbido esqueleto.

A graça nobre e grave do quarteto
Recebe a original intolerância,
Toda a subtil, secreta extravagância
Que transborda terceto por terceto.

E como um singular polichinelo
Ondula, ondeia, curioso e belo.
O Soneto, nas formas caprichosas.

As rimas dão-lhe a púrpura vetusta
E na mais rara procissão augusta
Surge o sonho das almas dolorosas.

Poesia
(Gustave C. R. Boulanger: pintor francês)

Referência:

SOUSA, Cruz e. O soneto. In: __________. Últimos sonetos. Paris, FR: Typ. Aillaud & Cia., 1905. p. 83-84.

Nenhum comentário:

Postar um comentário