Ver-se completa como “uma flor ou pedra”: tal é a abordagem que a
poetisa norte-americana assume em relação à sua própria vida, distintamente do
modo de ser quando ela era jovem, fase durante a qual sentia a necessidade de
abrir-se com os que lhe achegavam.
Mas será possível uma autonomia tão radical assim? A metáfora da flor ou
da pedra representaria muito bem esse postulado estado de coisas? Ou por outra:
os botões das flores não seriam dependentes do solo, de onde extraem a potência
para desabrochar com mais brilho à vista de seus admiradores?!
J.A.R. – H.C.
Sara Teasdale
(1884-1933)
The Solitary
My heart has grown rich with the passing of years,
I have less need now than when I was young
To share myself with every comer
Or shape my thoughts into words with my tongue.
It is one to me that they come or go
If I have myself and the drive of my will,
And strength to climb on a summer night
And watch the stars swarm over the hill.
Let them think I love them more than I do,
Let them think I care, though I go alone;
If it lifts their pride, what is it to me
Who am self-complete as a flower or a stone?
Vaso de Flores
(Rachel Ruysch:
pintora holandesa)
A Solitária
Meu coração tem-se enriquecido
com o passar dos anos,
Tenho menos
necessidade agora do que quando era jovem
De franquear-me a
todo recém-chegado
Ou converter minhas
ideias em palavras por meio da língua.
Dá no mesmo que eles venham
ou partam
Se tenho a mim mesma e o comando de minha vontade,
E a força para
escalar a colina numa noite estival
E contemplar as
estrelas que ali abundam.
Deixe-os pensar que
os amo mais do que a mim,
Deixe-os pensar que
me importo, ainda que sozinha caminhe;
Se alimentam o orgulho
próprio, o que isso representa para mim
Que sou plena como
uma flor ou pedra?
Referência:
TEASDALE, Sara. The solitary. In: RATTINER, Susan L. (Ed.). Great poems by american women: an
anthology. Mineola, NY: Dover Publications Inc., 1998. p. 190.
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