Na voz de Amelinha (vide vídeo a seguir), lá pelos inícios dos
anos 80, este poema, do repentista pernambucano Otacílio Batista, fez muito
sucesso musical, com suas associações a histórias de mulheres que mudaram o
rumo das vidas de seus esposos.
Nele, Menelau, Alexandre, Cervantes e Lampião aparecem enredados pelo
feitiço feminino. Aliás, àquela mesma época, Gilberto Gil afirmaria: “Quem sabe
o super-homem venha nos restituir a glória, mudando curso da história por causa
da mulher!”.
J.A.R. – H.C.
(1923-2003)
Mulher Nova, Bonita e Carinhosa
Numa luta de gregos e
troianos
Por Helena a mulher
de Menelau
Conta a história que
um cavalo de pau
Terminava uma guerra
de dez anos.
Menelau, o maior dos
espartanos
Venceu Paris o grande
sedutor,
Humilhando a família
de Heitor
Em defesa da honra
caprichosa
Mulher nova, bonita e
carinhosa
Faz o homem gemer sem
sentir dor
Alexandre figura
desumana
Fundador da famosa
Alexandria
Conquistava na Grécia
e destruía
Quase toda a
população tebana.
A beleza atrativa de
Roxana
Dominava o maior
conquistador
Que depois de
vencê-la o vencedor
Entregou-se à pagã
mais que formosa
Mulher nova, bonita e
carinhosa
Faz o homem gemer sem
sentir dor.
A mulher tem na face
dois brilhantes
Condutores fiéis do
seu destino,
Quem não ama o
sorriso feminino
Desconhece a poesia
de Cervantes.
A bravura dos grandes
navegantes
Enfrentando a procela
em seu furor,
Se não fosse a mulher
mimosa flor,
A história seria
mentirosa.
Mulher nova, bonita e
carinhosa
Faz o homem gemer sem
sentir dor.
Virgulino Ferreira o
Lampião,
Bandoleiro das selvas
nordestinas
Sem temer o perigo
nem ruínas,
Foi o rei do cangaço
no sertão,
Mas um dia sentiu no
coração
O feitiço atrativo do
amor.
A mulata da terra do
condor
Dominava uma fera
perigosa,
Mulher nova, bonita e
carinhosa
Faz o homem gemer sem
sentir dor.
(Konstantin Razumov:
pintor russo)
Referência:
BATISTA, Otacílio. Mulher nova, bonita
e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor. In: PINTO, José Nêumanne (Sel.). Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do
Século. Ilustrações de Tide Hellmeister. 2. ed. São Paulo, SP: Geração
Editorial, 2001. p. 302-304.
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