O poeta, assoberbado pelos efeitos da beleza, já não consegue identificar se todas as sensações que dela partem resultam em experiências que o tornam cada vez mais enérgico e vivo, ou se, pelo contrário, o aproximam da morte.
A beleza é, para o poeta, fonte solar que o consome e, ao mesmo tempo, o regenera até o âmago d’alma, pela ação de seus dardos enrubescidos, a irradiar dia após dia uma vivificadora e pura chama.
J.A.R. – H.C.
Beauté
Toi qui brille enfoncée au plus tendre
du coeur,
Beauté, fer éclatant, ne me sois que
douceur
Ou si tu me devais être une chose
amère,
En aucun temps du moins ne me sois
étrangère.
Brûle et consume-moi, mon unique
soleil,
Que, ton dur javelot, ton javelot
vermeil,
Dardant de jour en jour une plus pure
flamme,
Je sois régénéré jusques au fond de
l’âme
Et même ma raison folle de te sentir
Ne
reconnaisse plus si c’est vivre ou mourir!
Beleza
Tu que brilhas ancorada ao mais terno
do coração,
Beleza, ferro coruscante, não me sejas
mais que doçura
Ou se me obrigas a outra coisa amarga,
Em instante algum, pelo menos, não me
sejas estranha.
Arde e me consome, meu único sol,
Que sob o teu rígido dardo, teu dardo
vermelho,
Irradiando dia após dia uma chama mais
que pura,
Seja eu regenerado até as profundezas
d’alma
E mesmo minha razão louca de te sentir
Não reconheça mais se isso é viver ou
morrer!
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