Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Charles Maurras - Beleza

O poeta, assoberbado pelos efeitos da beleza, já não consegue identificar se todas as sensações que dela partem resultam em experiências que o tornam cada vez mais enérgico e vivo, ou se, pelo contrário, o aproximam da morte.

A beleza é, para o poeta, fonte solar que o consome e, ao mesmo tempo, o regenera até o âmago d’alma, pela ação de seus dardos enrubescidos, a irradiar dia após dia uma vivificadora e pura chama.

J.A.R. – H.C.


Charles Maurras
(1868-1952)

Beauté

Toi qui brille enfoncée au plus tendre du coeur,
Beauté, fer éclatant, ne me sois que douceur
Ou si tu me devais être une chose amère,
En aucun temps du moins ne me sois étrangère.
Brûle et consume-moi, mon unique soleil,
Que, ton dur javelot, ton javelot vermeil,
Dardant de jour en jour une plus pure flamme,
Je sois régénéré jusques au fond de l’âme
Et même ma raison folle de te sentir
Ne reconnaisse plus si c’est vivre ou mourir!


O Nascer do Sol
(Claude Monet: pintor francês)

Beleza

Tu que brilhas ancorada ao mais terno do coração,
Beleza, ferro coruscante, não me sejas mais que doçura
Ou se me obrigas a outra coisa amarga,
Em instante algum, pelo menos, não me sejas estranha.
Arde e me consome, meu único sol,
Que sob o teu rígido dardo, teu dardo vermelho,
Irradiando dia após dia uma chama mais que pura,
Seja eu regenerado até as profundezas d’alma
E mesmo minha razão louca de te sentir
Não reconheça mais se isso é viver ou morrer!


Referência:

MAURRAS, Charles. Beauté. In: ARLAND, Marcel (Choix et commentaires). Anthologie de la poésie française. Nouvelle édition revue et augmentée. Paris (FR): Éditions Stock, 1960. p. 722.

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