Abrimos os trabalhos neste ano de 2016, com um sucinto poema do escritor
e tradutor José Paulo Paes, que muito lembra o modo abreviado, mas nem por isso
menos pleno de significados, de produção poética do paranaense Paulo Leminski.
O autor paulista lança mão de ambiguidades e expressões comuns, para
gerar duplo sentido em seus versos. Salve o ano novo! Salve-se quem puder no ano
novo! Ano de dúvidas e dívidas novas!
J.A.R. – H.C.
José Paulo Paes
(1926-1998)
1º de janeiro
Brinde
ano novo: vida
nova
dívidas novas
dúvidas novas
ab ovo outra
vez: do revés
ao talvez (ou
ao tanto faz como
fez)
hora zero: soma
do velho?
idade do novo?
o nada: um ovo
salve (-se) o ano
novo!
Em: “Calendário
Perplexo” (1983)
Celebração de Ano Novo: paisagem urbana
(Laurie Justus Pace:
artista norte-americana)
Referência:
PAES, José Paulo. Brinde. In:
__________. Melhores poemas de José
Paulo Paes. Seleção de Davi Arrigucci Jr. 3. ed. São Paulo, SP: Global,
2000. p. 153. (“Os Melhores Poemas”; 37)
Nenhum comentário:
Postar um comentário