Neste monólogo dramático, fronteiriço às melhores páginas da ficção
científica, o poeta inglês Tennyson discorre sobre a sua visão do futuro.
Trata-se de um cenário que, a princípio, se mostra conturbado pela luta dos
povos em busca dos frutos do progresso humano.
Ao final, o poeta passa a crer num amanhã pacificado por uma “norma
universal”, a superar as batidas do “tambor da guerra”. Haveria, segundo ele, um
raio de esperança com o fim da contenda nacionalista, superada por meio da
formação de um "Parlamento do homem", uma “Federação mundial” que
acabaria por trazer paz à Terra.
J.A.R. – H.C.
Alfred Lord Tennyson
(1809-1892)
Prophecy
For I dipt into the future, far as human eye could
see,
Saw the Vision of the world, and all the wonder
that would be;
Saw the heaven fill with commerce, argosies of
magic sails,
Pilots of the purple twilight, dropping down with
costly bales;
Heard the heavens fill with shouting, and the
rained a ghastly dew
From the nation’s airy navies grappling in the
central blue;
Far along the world-wide whisper of the south-wind
rushing warm,
With the standards of the people plunging thro’ the
thunderstorm;
Till the war-drum throbb’d no longer, and the
battle flags were furl’d
In the Parliament of men, the Federation of the
world.
There the common sense of most shall hold a fretful
realm in awe,
And the kindly earth shall slumber, lapt in
universal law.
(From “Locksley
Hall”)
Profecia
(Victor Bregeda: pintor russo)
Profecia
Porque imergi no
futuro,
até onde o olho humano pode ver,
Vislumbrei a Visão do
mundo,
e todo o encanto que podia ser;
Vi os céus cheios
de naus, corsários, velas de magia,
Pilotos do crepúsculo
rubro tombando em cargas de valia;
Ouvi os céus cheios
de gritos,
e lá choveu um lívido orvalhar
Das vistosas
esquadras
das nações no azul central a atacar;
Bem longe, o murmurar
no mundo inteiro
do vento sul nesse ímpeto que esquenta,
Com os emblemas dos
povos
mergulhando nos raios da tormenta;
Até que o tambor de
guerra
não soasse e bandeiras ao reverso
No Parlamento do
homem,
Federação de todo este universo.
Lá o senso comum da
maioria
suporta um febril reino em sobressalto,
E a benévola terra
dormirá envolta em norma universal.
Referência:
LORD TENNYSON, Alfred. Prophecy / Profecia Traduçaõ de José Lino Grünewald. In: GRÜNEWALD,
José Lino (Organizador e Tradutor). Grandes
poetas da língua inglesa do século XIX. Edição bilíngue. Rio de Janeiro,
RJ: Nova Fronteira, 1988. Em inglês: p. 92; em português: p. 93. (“Poesia de Todos os Tempos”)
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