Aproxima-se o “Dia de Reis”. E com ele a temática natalina muda
ligeiramente de foco, para dar passagem aos Magos e seus presentes: o ouro –
símbolo régio –, o incenso – a exprimir espiritualidade – e a mirra – a traduzir
imortalidade.
Tem-se aqui um poema selecionado pelo escritor Rubem Braga para ser
publicado na seção “A poesia é necessária”, da revista “Manchete”, seção que
foi ali mantida entre os anos de 1953 a 1956.
J.A.R. – H.C.
Roberto Braga (1937, São Paulo,
SP). Poeta e jornalista. Quarto momento do Modernismo. Obra poética: Lado do mar (1966), Para todos namorados passearem de mãos dadas (1967), Seis poemas (1975), Almanaque amor (1984) etc. (BRAGA, 2015, p. 198).
Os Reis Magos
I
Trazem solenes
certo segredo
caixas e encanto
Nunca se falam
nem sobre o tempo
que no deserto
é sempre o mesmo
Inventam brisas
criam estas nuvens
feitas de incenso
Galgam noturnas
ondas de dunas
levando a urna
plena de ouro
II
Em doce alforje
portam magia
mirra e mistério
seguem a estrela
arcas navegam
em seus camelos
tangem esfinges
que decifradas
guardas aladas
pairam invisíveis
pacificadas
nas cercanias
desta criança
recém-nascida
Em: “Almanaque amor” (1984)
Reis Magos
Greg Olsen: artista
norte-americano
Referência:
BRAGA, Roberto. Os reis magos. In:
BRAGA, Rubem. A poesia é necessária.
Organização de André Seffrin. São Paulo, SP: Global, 2015. p. 150-151.
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