Manuel Bandeira foi mesmo um poeta do simples e do sensível: veja o
leitor como ele expressa o afeto que tinha pelo seu porquinho-da-Índia, que bem
mais do que o calor do carinho do poeta, preferia o ambiente tépido de baixo do
fogão.
E mais: o afeto do poeta, ainda criança, era tanto pelo animal, que, em
sua castiça inocência, ousa associá-lo ao amor sem condicionantes que um garoto
possa dedicar à sua primeira namorada.
J.A.R. – H.C.
Manuel Bandeira
(1886-1968)
Porquinho-da-Índia
Quando eu tinha seis
anos
Ganhei um
porquinho-da-índia.
Que dor de coração me
dava
Porque o bichinho só
queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais
bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar
debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum
das minhas ternurinhas...
– O meu
porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.
Porquinhos-da-Índia
(Henrietta Ward:
pintora inglesa)
Referência:
BANDEIRA, Manuel. Porquinho-da-Índia. In: PINTO, José Nêumanne (Sel.). Os cem melhores poetas brasileiros do
século. São Paulo, SP: Geração, 2001. p. 96.
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