Temos aqui um gracioso poema do búlgaro Stoian Mikhailovski, que nos faz
rememorar as conhecidas fábulas de Esopo ou de La Fontaine. E claro, com a
lição de moral tão característica das criações da espécie!
Extrai-se da leitura do poema uma clássica recomenda: é preferível viver
em domínio próprio, em sua casa, do que de favores em casa alheia, ainda que a
casa onde se more possa parecer um estorvo aos olhos de terceiros.
J.A.R. – H.C.
Stoian Mikhailovski
(1856-1927)
A Pulga e a Tartaruga
Um dia a velha pulga,
gorducha,
a tartaruga vê
e por troça lhe
pergunta:
“Dessa concha de
osso,
quando te libertarás?
Pensas não sair
jamais
dessa toca negra
onde estás
prisioneira?
Por que suportas
ainda
tão longa escravidão,
semelhante desonra?
Olha a minha moradia
naquele belo palácio
de fúlgido
esplendor...
Nós lá vivemos,
naquele...
Isto é, eu vivo nele,
e o patrão é
um magnata
estatal...”.
Responde o animal:
“Do meu destino não
lamento.
Vivo numa pobre casa,
é verdade,
mas livre e contente,
e nela sou patrão!”.
Tartaruga de Deserto
(Laura Curtin: pintora
norte-americana)
Referência:
MIKHAILOVSKI, Stoian. A pulga e a
tartaruga. In: FREIRE, Carlos (Organização, seleção e tradução). Babel de poemas: uma antologia
multilíngue. Porto Alegre, RS: L&PM, 2004. Em búlgaro: p. 28; em português:
p. 29.
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