Um poema, como muitos há na literatura contemporânea brasileira, a
parodiar a já clássica “Canção do Exílio”, do poeta maranhense
Gonçalves Dias: tal é a postagem do dia.
O pastiche é engraçado e, claro, tem a perícia das melhores criações
modernistas. Pena que o poeta haja vivido pouco, para que pudesse ver a “Terra Brasilis” cada vez mais desvestida de sua flora natural. Ou seja, sabiás e tico-ticos têm
que penar um bocado para agora pousar em palmeiras (rs)...
J.A.R. – H.C.
Cacaso – pseudônimo
de Antonio Carlos de Brito (1944, Uberaba, MG – 1987, Rio de Janeiro, RJ).
Poeta e ensaísta. Quarto momento do Modernismo. Obra poética: A palavra cerzida
(1967), Grupo escolar (1974), Beijo na boca (1975), Na corda bamba (1978),
Beijo na boca e outros poemas (1985), Lero-lero (2012) etc. (BRAGA, 2015, p.
186).
Cacaso
(1944-1987)
Jogos Florais
I
Minha terra tem
palmeiras
onde canta o
tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu
fubá.
Ficou moderno o
Brasil
ficou moderno o
milagre:
a água já não vira
vinho,
vira direto vinagre.
II
Minha terra tem
Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.
Bem, meus prezados
senhores
dado o avanço da hora
errata e efeitos do
vinho
o poeta sai de
fininho.
(será mesmo com esses
2 esses
que se escreve
paçarinho?)
Floresta Tropical
(Alberto da Veiga
Guignard: pintor brasileiro)
Referência:
BRAGA, Rubem (1913-1990). A poesia é necessária. Organização de
André Seffrin. 1. Ed. São Paulo, 2015. p. 162.
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