Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 23 de janeiro de 2016

Cacaso - Jogos Florais

Um poema, como muitos há na literatura contemporânea brasileira, a parodiar a já clássica “Canção do Exílio”, do poeta maranhense Gonçalves Dias: tal é a postagem do dia.

O pastiche é engraçado e, claro, tem a perícia das melhores criações modernistas. Pena que o poeta haja vivido pouco, para que pudesse ver a Terra Brasilis cada vez mais desvestida de sua flora natural. Ou seja, sabiás e tico-ticos têm que penar um bocado para agora pousar em palmeiras (rs)...

J.A.R. – H.C.

Cacaso – pseudônimo de Antonio Carlos de Brito (1944, Uberaba, MG – 1987, Rio de Janeiro, RJ). Poeta e ensaísta. Quarto momento do Modernismo. Obra poética: A palavra cerzida (1967), Grupo escolar (1974), Beijo na boca (1975), Na corda bamba (1978), Beijo na boca e outros poemas (1985), Lero-lero (2012) etc. (BRAGA, 2015, p. 186).

Cacaso
(1944-1987)

Jogos Florais

I

Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.

Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.

II

Minha terra tem Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.

Bem, meus prezados senhores
dado o avanço da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.

(será mesmo com esses 2 esses
que se escreve paçarinho?)

Floresta Tropical
(Alberto da Veiga Guignard: pintor brasileiro)

Referência:

BRAGA, Rubem (1913-1990). A poesia é necessária. Organização de André Seffrin. 1. Ed. São Paulo, 2015. p. 162.

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