Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Miguel Hernández - Sepultura da Imaginação

Um pedreiro, como um poeta, busca percorrer, em sua arte concreta, todos os espaços poéticos que lhe são permitidos em seu ofício. E nisso, experimenta, segundo o poeta espanhol Miguel Hernández, séria coação à sua própria liberdade e perigosa ameaça de destruição pessoal.

Essa visão filosófica e trágica da vida talvez tenha certa correlação com a própria história do poeta, que, enquanto edificava um prédio ideal, estava, paralelamente, levantando a sua antítese, qual seja, a própria prisão, de forma a experimentar o naufrágio de seu sonho num mar de realidade.

J.A.R. – H.C.

Miguel Hernández
(1910-1942)

Sepultura de la Imaginación

Un albañil quería... No le faltaba aliento.
Un albañil quería, piedra tras piedra, muro
tras muro, levantar una imagen al viento
desencadenador en el futuro.

Quería un edificio capaz de lo más leve.
No le faltaba aliento. ¡Cuánto aquel ser quería!
Piedras de plumas, muros de pájaros los mueve
una imaginación al mediodía.

Reía. Trabajaba. Cantaba. De sus brazos,
con un poder más alto que el ala de los truenos
iban brotando muros lo mismo que aletazos.
Pero los aletazos duran menos.

Al fin, era la piedra su agente. Y la montaña
tiene valor de vuelo si es totalmente activa.
Piedra por piedra es peso y hunde cuanto acompaña
aunque esto sea un mundo de ansia viva.

Un albañil quería... Pero la piedra cobra
su torva densidad brutal en un momento.
Aquel hombre labraba su cárcel. Y en su obra
fueron precipitados él y el viento.

(Em: “Últimos Poemas”, 1939-1941)

Além da Imaginação
(Neil Simone: pintor inglês)

Sepultura da Imaginação

Um pedreiro queria... Não lhe faltava fôlego.
Um pedreiro queria, pedra após pedra, parede
após parede, construir uma imagem ao vento
que desencadeasse no futuro.

Queira um prédio que fosse o mais leve.
Não lhe faltava fôlego. Quanto aquele ser queria!
Pedras de penas, paredes de pássaros movidas por
uma imaginação ao meio-dia.

Ria. Trabalhava. Cantava. De seus braços,
com um poder mais elevado que a asa dos trovões
iam brotando paredes, bem como batidas de asas.
Porém batidas de asas duram menos.

Ao fim, a pedra era o seu agente. E a montanha
tem valor de voo se é totalmente ativa.
Pedra sobre pedra desmorona se muito peso as acompanha
ainda que isto seja um mundo de ânsia viva.

Um pedreiro queria... Porém a pedra cobra
sua terrível e brutal densidade em um momento.
Aquele homem cultivava a sua prisão. E em sua obra
foram precipitados ele e o vento.

Referência:

HERNÁNDEZ, Miguel. Sepultura de la imaginación. In: RUBIO, Fanny; FALCÓ, José Luis (Sellección, estudio y notas). Poesia española contemporánea: historia y antología (1939-1980). 1. ed. Madrid (ES): Editorial Alhambra, 1981. p. 107.

Nenhum comentário:

Postar um comentário