O poema desta postagem, extraído da obra “Responsabilities”
(“Responsabilidades”), de 1914, uma das últimas produções de Yeats, parece invocar
maior espaço à espiritualidade para aqueles que, durante boa parte da vida,
voltaram-se a obter riquezas materiais, aqui simbolizada pelos presentes
valiosos transportados pelos Reis Magos.
No fundo, os Magos são como cada um de nós, sempre insatisfeitos nessa
caminhada de luzes e sombras que é a vida, à busca de desvendar o mistério que
a envolve, em especial naquele momento em que ela ressurge e se renova pelo
nascimento de todas as formas animadas da natureza.
J.A.R. – H.C.
W. B. Yeats
(1865-1939)
The Magi
Now as at all times I can see in the mind’s eye,
In their stiff, painted clothes, the pale
unsatisfied ones
Appear and disappear in the blue depth of the sky
With all their ancient faces like rain-beaten
stones,
And all their helms of silver hovering side by
side,
And all their eyes still fixed, hoping to find once
more,
Being by Calvary’s turbulence unsatisfied,
The uncontrollable mystery on the bestial floor.
A Adoração dos Magos
(Pieter Fransz de
Grebber: artista holandês)
Os Magos
Agora, como sempre,
posso vê-los com os olhos da mente,
Em suas rijas,
coloridas roupas, bem pálidos e insatisfeitos,
Num mostrar-se e
ocultar-se no profundo azul do céu,
Com todos os seus
antigos rostos qual pedras gastas pela chuva,
E todos os seus elmos
de prata pairando lado a lado,
E todos os seus olhos
sempre fixos, esperando de novo encontrar,
Insatisfeitos ainda
pela turbulência do Calvário,
O indomável mistério
sobre o solo brutal.
Referência:
YEATS, W. B. The magi. In: __________. The collected poems of W. B. Yeats. Revised 2nd edition. Edited by
Richard J. Finneran. New York, NY: Collier Books – MacMillan Publishing Company,
1989. p. 126.
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