Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 3 de janeiro de 2016

W. B. Yeats - Os Magos

O poema desta postagem, extraído da obra “Responsabilities” (“Responsabilidades”), de 1914, uma das últimas produções de Yeats, parece invocar maior espaço à espiritualidade para aqueles que, durante boa parte da vida, voltaram-se a obter riquezas materiais, aqui simbolizada pelos presentes valiosos transportados pelos Reis Magos.

No fundo, os Magos são como cada um de nós, sempre insatisfeitos nessa caminhada de luzes e sombras que é a vida, à busca de desvendar o mistério que a envolve, em especial naquele momento em que ela ressurge e se renova pelo nascimento de todas as formas animadas da natureza.

J.A.R. – H.C.

W. B. Yeats
(1865-1939)

The Magi

Now as at all times I can see in the mind’s eye,
In their stiff, painted clothes, the pale unsatisfied ones
Appear and disappear in the blue depth of the sky
With all their ancient faces like rain-beaten stones,
And all their helms of silver hovering side by side,
And all their eyes still fixed, hoping to find once more,
Being by Calvary’s turbulence unsatisfied,
The uncontrollable mystery on the bestial floor.

A Adoração dos Magos
(Pieter Fransz de Grebber: artista holandês)

Os Magos

Agora, como sempre, posso vê-los com os olhos da mente,
Em suas rijas, coloridas roupas, bem pálidos e insatisfeitos,
Num mostrar-se e ocultar-se no profundo azul do céu,
Com todos os seus antigos rostos qual pedras gastas pela chuva,
E todos os seus elmos de prata pairando lado a lado,
E todos os seus olhos sempre fixos, esperando de novo encontrar,
Insatisfeitos ainda pela turbulência do Calvário,
O indomável mistério sobre o solo brutal.

Referência:

YEATS, W. B. The magi. In: __________. The collected poems of W. B. Yeats. Revised 2nd edition. Edited by Richard J. Finneran. New York, NY: Collier Books – MacMillan Publishing Company, 1989. p. 126.

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