Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 10 de janeiro de 2016

Atalá Marques Pôrto e Santos - O Gato

Num poema do paulista Atalá Marques, o tema do gato reaparece com toda a sua carga simbólica, a se revelar na presença do animal na sala do poeta. Mas um gato sem unhas, já não tão felino, portanto.

As imagens em reflexo que o poema evoca centram-se nos referentes mais frequentemente empregados para qualificar o animal: os olhos estriados, o andar em patas de veludo, o miado inconfundível.

J.A.R. – H.C.

O Gato

Forte silêncio
de sala vaga,
ri-se deitado
o gato.

Do teto o lustre
troca as estrias
com os seus olhos
de gato.

Compraz-se em ver
num salto busca –
o gato.

No chão se esvai
pena ligeira
convida pernas
do gato.

Num canto esconso
perde-se mínima
e sentinela
desunguladas (*)
esperam patas
de gato.

Se a noite move
cortinas, nelas
em garras áspero
o gato.

No vaso folhas
de pé felinas
abre-se em bocas:
meu gato.

Meu gato – é hino,
um mio solta
dá em responso
o gato. 

Pesto: um gato de estúdio
(Elin Pendleton: artista norte-americana)
Nota:

(*) Desunguladas - patas das quais se extraíram as unhas.

Referência:

PÔRTO E SANTOS, Atalá Marques. O gato. In: AYALA, Walmir (Ed.). Poetas novos do Brasil. Rio de Janeiro, RJ: Instituto Nacional do Livro, 1969. p. 48-49. (Coleção ‘Cultura Brasileira’; Literatura/Antologias; nº 1)
ö

Nenhum comentário:

Postar um comentário