Loas a um felino indefinido, conformado em provável escultura de
estanho: dessa forma vislumbramos o ser que o poeta espanhol descreve no poema
abaixo. Um ser que, em suas linhas gerais, parece emergir dos sonhos mais
bizarros de um escultor surrealista.
Não há pelo nessa criatura. Mas ainda assim Munárriz nela enxerga um
tigre camuflado, ou mesmo o delírio onírico do também espanhol Francisco de
Quevedo. Seja como for, conclui, um sem-vergonha feliz e enamorado dimana de
suas arestas de aço.
J.A.R. – H.C.
Jesús Munárriz
(n. 1940)
Dime, bicho, ¿tú quién eres?
– ¿Un león revestido de
hojalata
o el sueño de
Francisco de Quevedo?
¿Feliz metamorfosis de
un torpedo
o gato astral maullándole
a su gata?
Aunque tu indumentaria
te delata
con su brillo de
acero de Toledo,
no eres sólo un
robot, sólo un remedo;
tu ambigüedad es
demasiado grata.
Extraño ser,
simpático ensamblaje,
careces por completo
de pelaje
pero en tu porte hay
algo de felino,
de tigre camuflado y
clandestino,
y no dejas de ser,
aunque inventado,
un golferas feliz y
enamorado.
(Del libro inédito “Dibujos animados”)
Ortostatismo
(DALeast: artista
chinês)
Diz-me, bicho, quem és tu?
– Um leão revestido
de estanho
ou o sonho de
Francisco de Quevedo?
Feliz metamorfose de
um torpedo
ou gato astral miando
para a sua gata?
Ainda que tua
indumentária te delate
com seu brilho de aço
de Toledo,
não és somente um
robô, somente um arremedo;
tua ambiguidade é muito
agradável.
Estranho ser, simpática
montagem,
careces por completo
de pelo
porém em teu porte há
algo de felino,
de tigre camuflado e
clandestino,
e não deixas de ser,
mesmo que inventado,
um sem-vergonha feliz
e enamorado.
Referência:
Munárriz, Jesús. Dime, bicho, ¿tú quién eres?. In:
__________. Poética y poesia: Jesús
Munárriz. Madrid, ES: Fundación Juan March, 2007. p. 77.
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