Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 10 de maio de 2014

Laura Inés Martínez Coronel – Gatos

Variando um pouco em relação ao padrão de temas que, costumeiramente, os poetas associam aos gatos, trazemos à net um “achado” da poetisa uruguaia Laura Inés, com adjetivações inauditas para os bichanos: “oxidados”, “macrocósmicos”, pairando aqui, até mesmo dentro de nós, assim como a anos-luz destas plagas. Uma metáfora! Obviamente, uma “obra aberta”, como diria Umberto Eco, que ao leitor caberá deslindar por meio de uma interpretação plausível.

 

Se há poderes para se estar onipresente, difuso em todo o cosmos, como um superabundante magma felino, qual será a galáxia, endógena ou exógena, capaz de ficar à margem do maior dos plasmas existentes: a mente humana?

 

J.A.R. – H.C.

 

Laura Inés Martínez Coronel

 

Gatos

 

Tengo gatos en la luna

oxidados, enigmáticos

macrocósmicos

elásticos

 

Tengo gatos en el vientre

pesarosos, desatados

violentos y temerarios

al arrullo de un planeta

serpenteando

 

Tengo gatos, gatos, gatos

sangradores

milenarios

vibratorios

cabizbajos

 

por la espalda de la sombra

con los gatos de los sueños

la memoria de la siesta

 

solitarios 

 


Gatos

 

Tenho gatos na lua

oxidados, enigmáticos

macrocósmicos

elásticos

 

Tenho gatos no ventre

pesarosos, desatados

violentos e temerários

ao arrulho de um planeta

serpenteando

 

Tenho gatos, gatos, gatos

sangradores

milenários

vibratórios

cabisbaixos

 

pelo dorso da sombra

com os gatos dos sonhos

a memória da sesta

 

solitários

 

Referência:

 

CORONEL, Laura Inés Marínez. Gatos. In: ABRACE. Entresiglos II: selección de poesía de autores contemporáneos. Montevideo: Bianchi; Brasília: Pilar, 2002. p. 173-174. (Colleción Señales de Vida)

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