Jules Lemaître
(1853-1914)
Qual a diferença entre ter um cão e ter um gato?
Jules Lemaître, escritor e crítico de teatro francês, adjetiva a fidelidade do
primeiro como boba e barulhenta. Ele prefere, obviamente, o amor de um bichano,
ainda que efêmero.
J.A.R. – H.C.
Old
Man and his Cat (1887)
Ivan
Andreevich Pelevin (1840-1917)
À
Mon Chat
Mon
chat, hôte sacré de ma vieille maison,
De ton dos électrique arrondis la souplesse,
Viens te pelotonner sur mes genoux, et laisse
Que je plonge mes doigts dans ta chaude toison.
Ferme à demi, les reins émus d’un long frisson,
Ton œil vert qui me raille et pourtant me
caresse,
Ton œil vert, mêlé d’or qui, chargé de paresse,
M’observe, d’ironique et bénigne façon.
Tu n’as jamais connu, philosophe, ô vieux frère,
La fidélité sotte et bruyante du chien.
Tu
m’aimes cependant, et mon cœur le sent bien.
Ton
amour clairvoyant et peut-être éphémère
Me plaît, et je salue en toi, calme penseur,
Des exquises vertus: scepticisme et
douceur.
Ao Meu Gato
Meu gato, hóspede sagrado de minha vetusta casa,
Verga teu dorso elástico e flexível,
Vem te aconchegar em meu colo, e deixa
Eu deslizar meus dedos em teu cálido pelo.
Meio intenso, um longo frêmito percorre-te os
rins,
Teu olho verde zomba de mim e, no entanto, me
acaricia,
Teu verde olho, mesclado de ouro e pleno de
indolência,
Me observa de uma forma irônica e benigna.
Tu jamais conheces, filósofo, ó velho irmão,
A fidelidade tola e ruidosa de um cão.
Contudo, tu me amas, e meu coração se sente bem.
Teu amor clarividente e talvez efêmero
Me agrada, e eu saúdo em ti, calmo pensador,
Certas virtudes refinadas: o ceticismo e a
ternura.
Referência:
LEMAÎTRE, Jules. À mon chat. In:
NOVARINO-POTHIER, Albine (Éd.). Le chat em 60 poèmes. Paris:
Omnibus, 2013. p. 67.
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