Em engraçado poema, certamente voltado aos infantes, Uccello,
recém-falecido poeta paulista, e também ex-servidor do Banco Central, nos fala
de um rato ilustrado que, reconhecendo as letras que compõem o recipiente no
qual come seu alimento – o prato –, deglute apenas aquilo que é conforme à sua
natureza: r-a-t-o. Largou de mão o “p”. Sabido, não?!
J.A.R. – H.C.
Alessandro Uccello
(1960-2013)
O Gato Comeletras
Tempos atrás tive um
gato
um bichano comeletras
ficava bem concentrado
olhando a minha
caneta
Se eu escrevia avelã
ele logo se assanhava
caçava a ave com afã
e com a lã se
enrolava
Em todas as frases
buscava
queijo ou rato, com
esperteza
mas do que ele mais
gostava
era deleite, com
certeza
Uma noite, descuidado
esqueci de pôr comida
no prato daquele gato
De manhã, veja você
que coisa mais
divertida
do prato só havia o
“p”
Referência:
UCCELLO, Alessandro. O gato comeletras.
In: __________. Eu com verso. São
Paulo: Luc P.C. Ltda., 2207. p. 67.
ö
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