Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Hippolyte Taine - Praxis

Trazemos aqui mais um soneto da obra ““À Trois Chats, Douze Sonnets”, do francês Hippolyte Taine, a fazer referência a dois luminares do pensamento humano: Goethe e Voltaire.

Hyppolyte graceja com tais figuras para dar contornos de completude aos momentos mais simples da vida de um gato, mostrando-o pleno em seu modo de se alimentar, “banhar-se” e levar a existência sem sobressaltos.

J.A.R. – H.C.
Hippolyte Taine
com um de seus Gatos
(1828-1893)

Praxis

“Cultive ton jardin”, disaient Goethe et Voltaire;
Au-delà, ton ouvrage est caduc et mort-né;
Enfermons nos efforts dans un cercle borné;
Point d’écarts; ne cherchons le ciel que sur la terre.

Ainsi fait notre ami; comme un vieux militaire,
Il brosse son habit sitôt qu’il a dîné,
Dans son domaine étroit librement confiné.
Ministre de sa peau, tout à son ministère.

Il s’épluche, il se lisse, il sait ce qu’il se doit.
Pauvre petit torchon moins large que le doigt.
Sa langue est tour à tour éponge, étrille et peigne.

Son nez rejoint son dos; il lèche en insistant;
Pas un poil si lointain que la râpe n’atteigne.
Goethe, instruit par Voltaire, en a-t-il fait autant?


Prática

“Cultiva teu jardim”, prescreveram Goethe e Voltaire;
Para além disso, teu trabalho é obsoleto e natimorto;
Confina os esforços a um círculo limitado;
Divisa para descartes; nem procures o céu na terra.

Assim o faz nosso amigo; como um velho militar,
Ele escova o seu hábito logo depois da janta,
Em seu domínio estreito livremente confinado.
Ministro de sua pele, tudo sob o seu ministério.

Ele se examina, se alisa; conhece bem o seu dever.
Modesto e reduzido tecido, menos extenso que um dedo.
Sua língua é a cada vez esponja, escova e pente.

Seu focinho alcança o dorso; ele lambe com insistência;
Não há pelo tão distante que a escovada não atinja.
Goethe, instruído por Voltaire, chegou a tanto?

Referência:

TAINE, Hippolyte. Praxis. In: NOVARINO-POTHIER, Albine (Éd.). Le chat em 60 poèmes. Paris: Omnibus, 2013. p. 100.
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