Trazemos aqui mais um soneto da obra ““À Trois Chats, Douze Sonnets”, do
francês Hippolyte Taine, a fazer referência a dois luminares do pensamento
humano: Goethe e Voltaire.
Hyppolyte graceja com tais figuras para dar contornos de completude aos
momentos mais simples da vida de um gato, mostrando-o pleno em seu modo de se
alimentar, “banhar-se” e levar a existência sem sobressaltos.
J.A.R. – H.C.
Hippolyte Taine
com um de seus Gatos
(1828-1893)
Praxis
“Cultive ton jardin”, disaient Goethe et Voltaire;
Au-delà, ton ouvrage est caduc et mort-né;
Enfermons nos efforts dans un cercle borné;
Point d’écarts; ne cherchons le ciel que sur la
terre.
Ainsi fait notre ami; comme un vieux militaire,
Il brosse son habit sitôt qu’il a dîné,
Dans son domaine étroit librement confiné.
Ministre de sa peau,
tout à son ministère.
Il s’épluche, il se
lisse, il sait ce qu’il se doit.
Pauvre petit torchon moins large que le doigt.
Sa langue est tour à tour éponge, étrille et
peigne.
Son nez rejoint son dos; il lèche en insistant;
Pas un poil si lointain que la râpe n’atteigne.
Goethe, instruit par Voltaire, en a-t-il fait
autant?
Prática
“Cultiva teu jardim”, prescreveram Goethe e Voltaire;
Para além disso, teu
trabalho é obsoleto e natimorto;
Confina os esforços a
um círculo limitado;
Divisa para
descartes; nem procures o céu na terra.
Assim o faz nosso
amigo; como um velho militar,
Ele escova o seu hábito logo depois da janta,
Em seu domínio
estreito livremente confinado.
Ministro de sua pele,
tudo sob o seu ministério.
Ele se examina, se
alisa; conhece bem o seu dever.
Modesto e reduzido
tecido, menos extenso que um dedo.
Sua língua é a cada
vez esponja, escova e pente.
Seu focinho alcança o
dorso; ele lambe com insistência;
Não há pelo tão
distante que a escovada não atinja.
Goethe, instruído por
Voltaire, chegou a tanto?
Referência:
TAINE, Hippolyte. Praxis. In: NOVARINO-POTHIER,
Albine (Éd.). Le chat em 60 poèmes.
Paris: Omnibus, 2013. p. 100.
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