O poeta sueco traz à
baila o tema da índole dual de cada indivíduo ou pessoa, a saber, um lado
humano, decerto mais centrado no pensamento ou na intelecção racional, a
coexistir com um outro, instintivo e animal, eis que espelhado em emoções, pulsões
e desejos, do mesmo modo um intrínseco recheio de nossa natureza.
Sustenta o autor que
quando as pessoas se conectam profundamente entre si, estão, de fato, se
conectando com o seu lado mais animal, culminando, ao final, com a ideia de que
é esse lado animal que nos une, enquanto que o lado humano é o que nos diferencia
e nos distancia. Alguma dúvida?!
J.A.R. – H.C.
Sandro Key-Åberg
(1922-1991)
Jag ser ett djur i varje människa
Jag ser ett djur i varje människa
och det är djuret jag är rädd om.
Ja, inte bara ett men många,
var människa är ett djur som vimlar.
Jag känner i din mage kreaturens
suckar och grisarnas klagan.
Det kryper, lirkar under skinnet
av alla pyttesmå i sina sköldar.
En lärka sjunger i ditt öga,
en vessla spanar på din tunga.
Men det är lika fullt av djurskap i
den övre världen under tankens blånad.
Jag ser en räv som slinker genom tankegräset
där piggson fångar adjektiv i flykten,
och ett tankfullt koskap med gröna ögon
som betar i den friska känslogrönskan.
När människan bottnar i sig själv
går hon med tassar genom ängen
och flyter genom sina djupa sjöar
där gälar skänker henne syre.
När människan bottnar i varandra
är det i det djuriska hon bottnar.
Där är ett sorl av böl och pip
som alla är varandras röster.
Så varmt det blåser ifrån alla djuren!
I denna vind bor människan hos varandra.
Det är det djuriska som för oss samman.
Det är det mänskliga som skiljer oss.
Från: “På sin höjd” (1972)
Vaqueiro conduzindo o
gado
(Jan Watson: artista norte-americano)
Vejo um animal em
cada homem
Vejo um animal em
cada homem
E é com esse animal
que me preocupo.
Sim, não um apenas,
mas muitos,
cada homem é um
animal que pulula.
Sinto em seu ventre os
suspiros
do gado e os gemidos
dos cerdos.
Sob a pele, o rastejar
e o esgueirar-se
de todas as
criaturinhas em seus escudos.
Uma cotovia canta dentro
de seus olhos,
em sua língua está à
espreita uma doninha.
Mas há também uma copiosa
animalidade no
mundo superior sob o azul
da intelecção.
Vejo uma raposa a pisgar-se
pela relva dos pensamentos,
onde uma fêmea de
ouriço apanha adjetivos em voo,
e uma contemplativa
vaca de olhos verdes
pastando no fresco
verdor das emoções.
Quando o homem firma-se
em si mesmo,
caminha pelos prados
na ponta dos pés
e flutua por seus
lagos profundos
onde as brânquias lhe
fornecem oxigênio.
Quando os humanos
criam vínculos entre si,
é no animal onde os
seus liames se estribam.
Há um murmúrio de
uivos e chilreios,
que são as vozes de
uns e de outros.
Quanto calor sopra de
todos os animais!
Sob esse vento, juntos
os homens convivem.
É o instinto animal
que nos une.
É o lado humano que
nos separa.
Em: “No seu ápice”
(1972)
Referência:
KEY-ÅBERG, Sandro. Jag ser ett djur i varje människa. In: __________. På sin höjd: dikter. Stockholm, SE: Albert Bonniers Förlag, 1972. s. 84.
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