Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Sandro Key-Åberg - Vejo um animal em cada homem

O poeta sueco traz à baila o tema da índole dual de cada indivíduo ou pessoa, a saber, um lado humano, decerto mais centrado no pensamento ou na intelecção racional, a coexistir com um outro, instintivo e animal, eis que espelhado em emoções, pulsões e desejos, do mesmo modo um intrínseco recheio de nossa natureza.


Sustenta o autor que quando as pessoas se conectam profundamente entre si, estão, de fato, se conectando com o seu lado mais animal, culminando, ao final, com a ideia de que é esse lado animal que nos une, enquanto que o lado humano é o que nos diferencia e nos distancia. Alguma dúvida?!


J.A.R. – H.C.

 

Sandro Key-Åberg

(1922-1991)

 

Jag ser ett djur i varje människa


Jag ser ett djur i varje människa

och det är djuret jag är rädd om.


Ja, inte bara ett men många,

var människa är ett djur som vimlar.


Jag känner i din mage kreaturens

suckar och grisarnas klagan.


Det kryper, lirkar under skinnet

av alla pyttesmå i sina sköldar.


En lärka sjunger i ditt öga,

en vessla spanar på din tunga.


Men det är lika fullt av djurskap i

den övre världen under tankens blånad.


Jag ser en räv som slinker genom tankegräset

där piggson fångar adjektiv i flykten,


och ett tankfullt koskap med gröna ögon

som betar i den friska känslogrönskan.


När människan bottnar i sig själv

går hon med tassar genom ängen


och flyter genom sina djupa sjöar

där gälar skänker henne syre.


När människan bottnar i varandra

är det i det djuriska hon bottnar.


Där är ett sorl av böl och pip

som alla är varandras röster.


Så varmt det blåser ifrån alla djuren!

I denna vind bor människan hos varandra.


Det är det djuriska som för oss samman.

Det är det mänskliga som skiljer oss.


Från: “På sin höjd” (1972)

 

Vaqueiro conduzindo o gado

(Jan Watson: artista norte-americano)

 

Vejo um animal em cada homem


Vejo um animal em cada homem

E é com esse animal que me preocupo.


Sim, não um apenas, mas muitos,

cada homem é um animal que pulula.


Sinto em seu ventre os suspiros

do gado e os gemidos dos cerdos.


Sob a pele, o rastejar e o esgueirar-se

de todas as criaturinhas em seus escudos.


Uma cotovia canta dentro de seus olhos,

em sua língua está à espreita uma doninha.


Mas há também uma copiosa animalidade no

mundo superior sob o azul da intelecção.


Vejo uma raposa a pisgar-se pela relva dos pensamentos,

onde uma fêmea de ouriço apanha adjetivos em voo,


e uma contemplativa vaca de olhos verdes

pastando no fresco verdor das emoções.


Quando o homem firma-se em si mesmo,

caminha pelos prados na ponta dos pés


e flutua por seus lagos profundos

onde as brânquias lhe fornecem oxigênio.

 

Quando os humanos criam vínculos entre si,

é no animal onde os seus liames se estribam.


Há um murmúrio de uivos e chilreios,

que são as vozes de uns e de outros.


Quanto calor sopra de todos os animais!

Sob esse vento, juntos os homens convivem.


É o instinto animal que nos une.

É o lado humano que nos separa.


Em: “No seu ápice” (1972)


Referência:


KEY-ÅBERG, Sandro. Jag ser ett djur i varje människa. In: __________. På sin höjd: dikter. Stockholm, SE: Albert Bonniers Förlag, 1972. s. 84.

Nenhum comentário:

Postar um comentário