No contraste entre a
efemeridade da vida e a durabilidade da arte, a poetisa norte-americana propõe-nos
o elogio a várias coisas aparentemente comuns e quotidianas, reconhecendo a beleza
e o significado nelas contidos, bem assim a importância da criatividade, da humana
capacidade de superar limites por meio do trabalho e do esforço contínuos.
Trata-se de um
despertar para aquilo que expressa o fluxo constante da vida, o lastro da história,
trazendo emoção ao mundo: os avanços nos campos e nas cidades, a transformação
que a natureza e o homem promovem sobre a face da terra, a lealdade e a
habilidade dos animais que nos acompanham, e tudo o mais que se subentende em
meio à nossa fluida jornada por esta magnífica paragem do universo.
J.A.R. – H.C.
Katharine Jager
(n. 1971)
Vita Brevis, Ars
Longa (*)
Praise for the names
of songbirds
for the edge of metal
Praise for the finger’s
whorl of grease
for the traffic
rattle.
Praise for fire’s raw
alchemy
for the bolting
lettuce
Praise for the border
that invention serves
for the silt of
rivers.
Praise for the dog
retrieving geese
for the lathe-wrought
vessel
Praise for the red
barn’s poetry
for the work and
wrestle.
Bom dia
(Edward Moran: pintor
anglo-americano)
Louvor aos nomes dos pássaros
canoros
ao gume de metal
Louvor à espiral dos
dedos graxentos
ao ruído do tráfego
Louvor à alquimia
convulsa do fogo
à alface pendoada
Louvor à fronteira assente
pelas invenções
ao lodo dos rios
Louvor ao cão que
resgata gansos
ao vaso forjado no
torno
Louvor à poesia do
celeiro vermelho
ao trabalho e à luta
Nota:
(*). Em latim: “A vida
é breve, a arte é longa”, aforismo atribuído originalmente ao médico da Grécia
Antiga Hipócrates (~460 a.C. – ~370 a.C.). (HOPLER & JOHNSON, n.r., p. 408)
Referência:
JAGER, Katharine. Vita
brevis, ars longa. In: HOPLER, Jay; JOHNSON, Kimberly
(Eds.). Before the door of God: an anthology of devotional poetry. New
Haven, CT: Yale University Press, 2013. p. 408-409.
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