Este é o sonho de
todo aquele que se percebe preso demais a uma dada conjuntura obsediante, seja
no trabalho, seja em seus relacionamentos íntimos, seja porque os elementos
contingentes da vida que leva não se alinham aos seus sonhos maiores, decerto
de liberdade e de busca por outras paragens, terras distantes, de culturas
distintas, plenas de belezas naturais ou erigidas pelo homem.
O poema, todo grafado
em minúsculas, abre uma única exceção ao trecho final de seu derradeiro verso –
“Sonhar Alto” –, porque tal é o sentido último do viver humano! Afinal, de que
nos vale a existência se ela não possui um norte maior, ali onde se encontra
uma estrela que nos faça despertar todas as manhãs para que corramos ao encalço
de nossos maiores anelos, transmutando nossas utopias à própria realidade?!
J.A.R. – H.C.
Roberto Piva
(1937-2010)
abandonar tudo
abandonar tudo.
conhecer praias. amores novos.
poesia em cascatas
floridas com aranhas
azuladas nas
samambaias.
todo trabalhador é
escravo. toda autoridade
é cômica. fazer da
anarquia um
método & modo de
vida. estradas.
bocas perfumadas.
cervejas tomadas
nos acampamentos.
Sonhar Alto.
Férias de Verão
(Guideli: artista
francesa)
Referência:
PIVA, Roberto. abandonar
tudo. In: __________. Antologia poética. Porto Alegre, RS: L&PM,
1985. p. 74. (Coleção ‘Olho da Rua’)
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