Alpes Literários

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Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 30 de março de 2024

Robert Frost - O Telefone

O falante, neste poema, aparentemente se depara com uma flor em forma de telefone e põe-se a imaginar num diálogo telepático com a amante: falando a partir de outra flor sobre o peitoril de uma janela, ela lhe pergunta sobre o que o falante teria escutado, obtendo como resposta o argumento de que ela o teria chamado. A amante, então, comenta que até pode ter pensado nisso, mas não expressou verbalmente tal desejo. Seja como for, o falante, respondendo ao hipotético apelo, foi ter com a amante.

 

A rigor, o poema tem uma dicção aberta e o leitor pode levantar suposições o quanto possa, no que diz respeito ao diálogo em apreço. O certo, nada obstante, é que o seu título não pode ser apreendido literalmente pela materialidade física de um aparelho telefônico, senão metaforicamente, com o sentido da mantença de um estado mental conectado a uma voz que se escuta a distância.

 

J.A.R. – H.C.

 

Robert Frost

(1874-1963)

 

The Telephone

 

“When I was just as far as I could walk

From here to-day,

There was an hour

All still

When leaning with my head against a flower

I heard you talk.

Don’t say I didn’t, for I heard you say –

You spoke from that flower on the window sill –

Do you remember what it was you said?”

 

“First tell me what it was you thought you heard.”

 

“Having found the flower and driven a bee away,

I leaned my head,

And holding by the stalk,

I listened and I thought I caught the word –

What was it? Did you call me by my name?

Or did you say –

Someone said ‘Come’ – I heard it as I bowed.”

 

“I may have thought as much, but not aloud.”

 

“Well, so I came.”

 

Eugène Manet na Ilha de Wight

(Berthe Morisot: pintora francesa)

 

O Telefone

 

“E quando me afastei o quanto pude

Hoje daqui,

Houve uma hora

Tranquila,

Em que, ao me inclinar sobre uma flor,

Te ouvi falar.

Não me digas que não, porque te ouvi dizer...

Falaste daquela flor no parapeito da janela –

Lembras-te do que disseste?”

 

“Primeiro dize-me o que julgaste ter ouvido.”

 

“Tendo encontrado a flor e afugentado uma abelha,

Inclinei a cabeça

E segurando a haste

Escutei e julguei ter captado a palavra –

Qual era? Chamaste-me pelo nome?

Ou disseste...

Alguém disse ‘Vem’ – ouvi ao debruçar-me.”

 

“Talvez o tenha pensado, mas não falei.”

 

“Pois bem, então eu vim.”

 

Referência:

 

FROST, Robert. The telephone / O telefone. Tradução de Willy Lewin. In: MARQUES, Oswaldino (Organização e Prólogo). O livro de ouro da poesia dos Estados Unidos: coletânea de poemas norte-americanos. Edição bilíngue: inglês x português. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro & Tecnoprint, 1987. Em inglês: p. 122; em português: p. 123. (Coleção ‘Universidade de Bolso’)

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