Um poema curto de
Williams para tentar fixar uma imagem vívida na mente do leitor, entre um
contraste da metáfora associada aos ventos que sopram em sua janela e as “sentenças”
às quais o narrador está vinculado: num cenário invernal que a tudo desfolha e
depois renova, o poeta parece resistir a algum debate de ideias que, alinhando-se
talvez ao contexto literário ainda remanescente, pudesse lhe suscitar algum indesejado
desconforto mental.
Os cães ladram, “zombeteiros”,
mas a caravana passa: Williams soube, como poucos, dar novo ânimo à poesia
norte-americana, sendo um dos principais poetas do movimento imagista, que rompeu
com a poesia rígida que a precedeu, tornando-a, de um lado, mais expedita e
funcional, e de outro, mais humana e personalíssima.
J.A.R. – H.C.
William Carlos Williams
(1883-1963)
January
Again I reply to the
triple winds
running chromatic
fifths of derision
outside my window:
Play louder.
You will not succeed.
I am
bound more to my
sentences
the more you batter
at me
to follow you.
And the wind,
as before, fingers
perfectly
its derisive music.
In: “Sour Grapes”
(1921)
Sol de Janeiro
(Leonid Afremov:
pintor israelense)
Janeiro
Mais uma vez respondo
aos ventos triplos
que executam quintas
cromáticas de derrisão
pelo lado de fora de
minha janela:
Tocai mais alto.
Não tereis êxito. Estou
mais vinculado às minhas
sentenças
quanto mais me açoitais
para que vos siga.
E o vento,
tal como antes,
dedilha à perfeição
a sua música derrisória.
Em: “Uvas Ácidas”
(1921)
Referência:
WILLIAMS, William
Carlos. January. In: __________. The Collected poems of William Carlos
Williams. Volume I: 1909-1939. Edited by A. Walton Litz and Christopher
MacGowan. 9th print. New York, NY: New Direction, 1991. p. 151.
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