Tem-se aqui uma forma
particular de dialética, a saber, aquela presente no curso de um relacionamento
entre cônjuges, quando a sucessão dos dias tende a produzir sombras que se
esgueiram por regiões não cobertas pelo equilíbrio e o discernimento pautados
pelo casal, com isso demandando uma providencial “síntese” para restabelecer o andamento
harmonioso dessa sinfonia.
Com efeito, não se
pode viver eternamente sob o peso de uma rotina brutal, havendo necessidade,
vez por outra, de se arejar o vínculo, para que sejam reforçadas as lembranças
do que se disse e do que se passou na vida em comum: os parceiros vogando então
sob a égide do tempo, num batel em estabilidade dinâmica!
J.A.R. – H.C.
Hugh Maxton
(n. 1947)
Dialectique
(for Elaine)
Sitting at table, or
In flight at dancing
We notice something
To happen minutely,
An event so
imperceptible
As not, except for us,
To exist.
Then the world turns
An extra revolution,
A movement
In the brute routine
Lithe as grass.
Had we not seen
A shadow pass
Between balance and
wit
– and recover itself!
–
Heard a word
Sound as though it
were
A word repeated
We were never together
At table, or
Arm on arm.
Dialética nº 2
(Leslie Hurry:
artista inglês)
Dialectique
(a Elaine)
Sentados à mesa, ou
Em voo de dança,
Notamos algo
A suceder minuciosamente,
Um evento tão imperceptível
Como se, exceto para
nós,
Ele não existisse.
Logo o mundo põe-se a
girar,
Uma revolução extra,
Um movimento
Na intolerável rotina,
Flexível como a relva.
Se não houvéssemos
visto
Uma sombra passar
Por entre o equilíbrio
e o siso
– e restabelecer-se –
Escutado uma palavra
Soar como se fosse
Uma palavra repetida,
Nunca teríamos estado
juntos
À mesa, ou
A braços dados.
Referência:
MAXTON, Hugh. Dialectique.
In: BRADLEY, Anthony (Ed.). Contemporary irish poetry: an anthology. Edited,
with introduction and notes by Anthony Bradley. Berkeley, CA: University of Californida
Press, 1980. p. 361.
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